Caridade heróica: prontos a dar a vida pelos próprios irmãos

Gostaria de dividir com vocês algumas reflexões sobre quatro realidades que chamo: “as quatro colunas da consagração à Imaculada segundo a espiritualidade kolbiana”. São elas: a vida interior, a obediência na fé, a caridade heróica e a oferta suprema.

Caridade heróica: prontos a dar a vida pelos próprios irmãos

No Evangelho, Jesus nos chama ao amor maior, indicando como o “seu” mandamento por excelência: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros,  como eu vos amei.” (Jo 15, 12)  “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisso todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (Jo 13,34)

Este amor maior, esta caridade heróica, caracterizaram a vida terrena inteira da Virgem Mãe, como se pode ver no Evangelho: desde a visitação, à sua solicitude nas bodas de Canaã, no Cenáculo. Ela, que na anunciação se define “a serva do Senhor” (Lc 1, 38), “permanece em toda a vida terrena fiel a tudo que este nome exprime, confirmando assim ser uma verdadeira “discípula” de Cristo (...) “veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28). Por isso, Maria tornou-se a primeira entre aqueles que, “servindo a Cristo também nos outros, com humildade e paciência conduzem os seus irmãos àquele Rei, a quem servir  é reinar” (LG 36). E esta “glória de servir não cessa de ser a sua exaltação real: elevada ao céu, ela não suspende aquele seu serviço salvífico, em que se exprime a mediação materna, “até a perpétua coroação de todos os eleitos (LG 62)” (RM 41).

Maria manifestou a expressão mais alta do seu amor materno aos pés da Cruz: “A beata Virgem Maria avançou no caminho da fé e conservou fielmente a sua missão com o Filho até a cruz, onde, não sem um desígnio divino,  se manteve firme (cf. Jo 19,25), sofreu profundamente com o seu Filho unigênito e se associou com ânimo materno ao sacrifício dele, amorosamente consciente da imolação da vítima da lei gerada; e finalmente, pelo próprio Cristo morrendo na cruz foi dada como mãe ao discípulo com estas palavras: “Mulher, eis o teu filho (cf. 19,26-27).” (LG 58; cf. RM 18)
   
Através da nossa consagração a Ela, somos chamados a imitar esta sua caridade sem limites. Mas esta disponibilidade em dar a própria vida, até à oferta suprema de si que Padre Kolbe fez no campo de extermínio de Auschwitz, requer a alienação cotidiana ao dom de si, para ser e tornar-se sempre mais instrumentos de amor e de comunhão. Esta atitude de caridade deve caracterizar os nossos relacionamentos com amigos e parentes; com todos os homens, sem distinção; com a Igreja através da obediência aos seus ensinamentos e a mais autêntica comunhão eclesial.

Para realizar um amor genuíno e partilhado, devemos cultivar a pobreza e a humildade interior; devemos, além disso, estar sempre prontos a estender a mão a todos e perdoar-nos uns aos outros.

Escrevia sobre este propósito Padre Kolbe: “A essência do amor recíproco não consiste no fato de que ninguém nos cause desgostos – o que é impossível vivendo com outras pessoas – mas que aprendamos a perdoar-nos uns aos outros de modo sempre mais perfeito, imediatamente e completamente. Então recitaremos com grande confiança a invocação contida no “Pai nosso”: Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como  nós perdoamos a quem nos tem ofendido (Mt 6,12). Seria um verdadeiro erro se não tivéssemos nada ou bem pouco a perdoar aos outros. (...) A fonte da felicidade e da paz não está fora, mas dentro de nós. Saibamos tirar proveito de cada coisa para exercitar, a paciência, a humildade, a obediência, a pobreza e as outras virtudes cristãs e as cruzes não serão tão pesadas.” (SK 935)

Padre Faccenda
Fundador do Instituto


Fonte: FACCENDA, Luigi M. Era Mariana: Fondamenti biblici, teologici, storici e spirituali della consacrazione all'Immacolata. Quarta edizione 1995. Edizioni dell'Immacolata. Bologna. Italia.

 

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