segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

No findar de mais um ano...
 
Ó tu, que és o senhor do tempo e da eternidade,
teus são o hoje e o amanhã, o passado e o futuro.
No findar de mais um ano, quero muito te agradecer.
Foi muito o que recebi de ti.
Deste-me, por mais um tempo, a vida,
por pura benevolência.
E ainda mais longe foi a tua bondade.
Fizeste brilhar sobre mim teu sol,
a luz que me fez ver quão belo é tudo que criaste.
Deste-me os dias e o trabalho,
a noite e o repouso,
as alegrias para que meu ânimo não se extinguisse,
as tristezas para que, nelas,
minha esperança se fortalecesse.
Por tudo aquilo que recebi de ti,
eu te agradeço.
Aqui está, diante de ti,
tudo que fui e fiz neste ano que se encerra.
Tanto mais poderia ter sido,
pelo muito que me deste,
em forças e chances.
Recebe-o, Senhor,
como uma humilde oferenda
e uma prece vespertina,
no entardecer de mais um ano.
Perdoa-me pelo sagrado tempo que perdi,
pelo cuidado que não tive
com tuas criaturas e meus irmãos,
pela bondade que poderia ter sido,
por minhas palavras e minhas mãos.
Pela coragem que não tive,
em seguir a verdade que me deixaste ver.
Perdão pela tibieza e pelo desânimo:
eles roubaram minha força
e fizeram-me parar ainda tão longe
de onde me querias e eu mesmo desejava.
Recobre-me, Senhor,
no anoitecer de mais um ano,
com o manto de tua bondade.
Recolhe-me no teu perdão.
Dá-me repousar em ti e em tua força,
para que, se assim me deres,
eu retome o amanhã do novo ano,
fortalecido por tua graça
e, então, conte todos os dias que me restam
como pérolas de uma jóia:
a minha vida, em teu mundo, na tua presença.
Amém.
 
Latus de Mediavilha (1252-1308)

domingo, 30 de dezembro de 2012

As lições de Nazaré
 
 
Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho.
Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-lo.
Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua permanência entre nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo de que Jesus se serviu para revelar-se ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem um sentido.
Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo do Cristo.
Ó como gostaríamos de voltar à infância e seguir essa humilde e sublime escola de Nazaré! Como gostaríamos, junto a Maria, de recomeçar a adquirir a verdadeira ciência e a elevada sabedoria das verdades divinas.
Mas estamos apenas de passagem. Temos de abandonar este desejo de continuar aqui o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. Não partiremos, porém, antes de colher às pressas e quase furtivamente algumas breves lições de Nazaré.
Primeiro, uma lição de silêncio. Que renasça em nós a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito; em nós, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos em nossa vida moderna barulhenta e hipersensibilizada. O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor das preparações, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê no segredo.
Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual é sua função primária no plano social.
Uma lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “filho do carpinteiro”! É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano; aqui, restabelecer a consciência da nobreza do trabalho; aqui, lembrar que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam, mais que de seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim. Finalmente, como gostaríamos de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino irmão, o profeta de todas as causas justas, o Cristo nosso Senhor.
Das alocuções do papa Paulo VI (Séc. XX)

Vídeo: Oração da família - Padre Zezinho

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

 A vida se manifestou em nossa carne
 

O que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida (1Jo 1,1). Quem poderia tocar a Palavra com suas mãos, a não ser porque a Palavra se fez carne e habitou entre nós? (Jo 1,14).
 
A Palavra que se fez carne para ser tocada com as mãos, começou a ser carne no seio da Virgem Maria; mas não foi então que a Palavra começou a existir porque, diz João, ela era desde o princípio. Vede como sua Carta é confirmada pelas palavras do seu Evangelho, que acabais de escutar: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus (Jo 1,1).
Alguns talvez julguem que a expressão Palavra da Vida designe de modo geral a Cristo e não o próprio Corpo de Cristo que foi tocado pelas mãos. Reparai no que vem em seguida: E a Vida manifestou-se (1Jo 1,2). Por conseguinte, Cristo é a Palavra da Vida.

E como se manifestou esta Vida? Ela existia desde o início, mas não tinha se manifestado aos homens; manifestara-se aos anjos que a contemplavam e se alimentavam dela como de seu pão. E o que diz a Escritura? O homem se nutriu do pão dos anjos (Sl 77,25).
 
Portanto, a Vida se manifestou na carne, para que, nesta manifestação, aquilo que só o coração podia ver, fosse visto também com os olhos, e desta forma curasse os corações. De fato, o Verbo só pode ser visto com o coração, ao passo que a carne pode ser vista também com os olhos corporais. Éramos capazes de ver a carne, mas não éramos capazes de ver a Palavra. Por isso, a Palavra se fez carne que nós podemos ver, para curar em nós o que nos torna capazes de vê-la.
 
E somos testemunhas, diz João, e vos anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós (1Jo 1,2), isto é, que se manifestou entre nós ou, falando mais claramente, nos foi manifestada.
 
Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos (1Jo 1,3). Prestai atenção: Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos. Eles viram o próprio Senhor presente na carne, ouviram da boca do Senhor suas palavras e no-las anunciaram. E nós ouvimos certamente, mas não vimos.

Somos, por isso, menos felizes do que eles que viram e ouviram? Por que então acrescenta: Para que estejais em comunhão conosco? (1Jo 1,3). Eles viram, nós não vimos e, contudo, estamos em comunhão com eles porque temos uma fé comum.
 
E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas, diz João, para que a vossa alegria fique completa (1Jo 1,4). Essa alegria completa encontra-se na mesma comunhão, na mesma caridade, na mesma unidade.
 
Dos tratados sobre a primeira carta de São João - bispo
(Séc. V)



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

 As armas da caridade
 
 
Ontem, celebrávamos o nascimento temporal de nosso Rei eterno; hoje celebramos o martírio triunfal do seu soldado.
Ontem o nosso Rei, revestido de nossa carne e saindo da morada de um seio virginal, dignou-se visitar o mundo; hoje o soldado, deixando a tenda de seu corpo, parte vitorioso para o céu.
O nosso Rei, o Altíssimo, veio por nós na humildade, mas não pôde vir de mãos vazias. Trouxe para seus soldados um grande dom, que não apenas os enriqueceu imensamente, mas deu-lhes uma força invencível no combate: trouxe o dom da caridade que leva os homens à comunhão com Deus.
Ao repartir tão liberalmente o que trouxera, nem por isso ficou mais pobre: enriquecendo do modo admirável a pobreza dos seus fiéis, ele conservou a plenitude dos seus tesouros inesgotáveis.
Assim, a caridade que fez Cristo descer do céu à terra, elevou Estevão da terra ao céu. A caridade de que o Rei dera o exemplo logo refulgiu no soldado.
Estêvão, para alcançar a coroa que seu nome significa, tinha por arma a caridade e com ela vencia em toda parte. Por amor a Deus não recuou perante a hostilidade dos judeus, por amor ao próximo intercedeu por aqueles que o apedrejavam. Por esta caridade, repreendia os que estavam no erro para que se emendassem, por caridade orava pelos que o apedrejavam para que não fossem punidos.
Fortificado pela caridade, venceu Saulo, enfurecido e cruel, e mereceu ter como companheiro no céu aquele que tivera como perseguidor na terra. Sua santa e incansável caridade queria conquistar pela oração, a quem não pudera converter pelas admoestações.
E agora Paulo se alegra com Estêvão, com Estêvão frui da glória de Cristo, com Estêvão exulta, com Estêvão reina. Aonde Estêvão chegou primeiro, martirizado pelas pedras de Paulo, chegou depois Paulo, ajudado pelas orações de Estevão.
É esta a verdadeira vida, meus irmãos, em que Paulo não se envergonha mais da morte de Estêvão, mas Estevão se alegra pela companhia de Paulo, porque em ambos triunfa a caridade. Em Estêvão, a caridade venceu a crueldade dos perseguidores, em Paulo, cobriu uma multidão de pecados; em ambos, a caridade mereceu a posse do reino dos céus.
A caridade é a fonte e origem de todos os bens, é a mais poderosa defesa, o caminho que conduz ao céu. Quem caminha na caridade não pode errar nem temer. Ela dirige, protege, leva a bom termo.
Portanto, meus irmãos, já que o Cristo nos deu a escada da caridade pela qual todo cristão pode subir ao céu, conservai fielmente a caridade verdadeira, exercitai-a uns para com os outros e, subindo por ela, progredi sempre mais no caminho da perfeição.


Dos Sermões de São Fulgêncio de Ruspe - bispo
(Séc. VI)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal de Jesus
 

Diante do mistério da encarnação do Filho de Deus, só podemos calar e deixar que fale em nosso coração. Assim, fiquemos uns minutos em silêncio e contemplemos a criança que encontramos envolvido em panos e deitado em uma manjedoura.

Adoro-te, meu Jesus, como adoraram-te pela primeira vez na terra a Virgem Maria e São José, na gruta de Belém.
Como adoraram-te os pobres pastores de Belém, com simplicidade e humildade de coração.
Como adoraram-te os magos do oriente que te reconheceram como Rei, Deus e Homem, oferecendo-te ouro, incenso e mirra.
Adoro-te, meu Jesus, com todo meu coração e te peço que saiba continuar minha adoração em todos os momentos da minha vida e se prolongue por toda a eternidade. 

Estou contigo

Estou aqui, junto de ti;
nasci na pobreza e na humildade,
vim na simplicidade, e estou aqui para ficar contigo.
Já sabes que lugar do teu coração irás me dar?
faz tempo que caminho ao teu lado e dentro de ti,
porém neste natal vim para ficar em tua vida
Por que tens-me aqui, oculto, algo escondido?
Sou a meta dos teus caminhos. Choro tuas lágrimas. Sou tua alegria.
Estou contigo quando te sentes perdido. Estou em tuas necessidades, em tuas quedas.
Ao nascer abracei todos os teus dias e noites.
Coloquei-me na aventura de tua vida, tornei-me teu irmão.
Estou aqui! É natal! E o natal permanece para sempre.
A verdade brotou da terrra e a justiça olhou do alto céu
 

Desperta, ó homem: por tua causa Deus se fez homem. "Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá" (Ef 5,14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem.

Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a sua misericórdia. Não voltarias à vida, se ele não tivesse vindo ao encontro da tua morte. Terias perecido, se ele não te socorresse. Estarias perdido, se ele não viesse salvar-te.

Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção. Celebremos este dia de festa, em que o grande e eterno Dia, gerado pelo Dia grande e eterno, veio a este nosso dia temporal e tão breve.

"Ele se tornou para nós justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, 'quem se gloria, glorie-se no Senhor'" (1Cor 1,30-31).

"A verdade brotará da terra" (Sl 84,12), o Cristo que disse: "eu sou a verdade" (Jo 14,6), nasceu da Virgem. "E a justiça olhou do alto do céu" (cf. Sl 84,12), porque o homem, crendo naquele que nasceu, é justificado não por si mesmo, mas por Deus.

"A verdade brotou da terra porque o Verbo se fez carne" (Jo 1,14). "E a justiça olhou do alto do céu porque todo o dom precioso e toda a dádiva perfeita vêm do alto" (Tg 1,17).

A verdade brotou da terra, isto é, da carne de Maria. "E a justiça olhou do alto do céu porque o homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu" (Jo 3,27).

"Justificados pela fé, estamos em paz com Deus" (Rm 5,1) porque "a justiça e a paz se beijaram" (cf. Sl 84,11) por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo, "pois a verdade brotou da terra. Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus" (Rm 5,2). Não disse "de nossa glória", mas "da glória de Deus, porque a justiça não procede de nós, mas olha do alto do céu". Portanto, "quem se gloria" não se glorie em si mesmo, mas no Senhor.

Eis por que, quando o Senhor nasceu da Virgem, os anjos cantaram: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade" (Lc 2,14 Vulgata).

Como veio a paz à terra senão por ter "a verdade brotado da terra", isto é, Cristo ter nascido em carne humana? "Ele é a nossa paz: de dois povos fez um só" (cf. Ef 2,14), para que fôssemos homens de boa vontade, unidos uns aos outros pelo suave vínculo da caridade.

Alegremo-nos com esta graça, para que nossa glória seja o testemunho da nossa consciência, e assim nos gloriaremos, não em nós mesmos, mas no Senhor. Por isso disse o Salmista: "Vós sois a minha glória que levanta a minha cabeça" (Sl 3,4). Na verdade, que graça maior Deus poderia nos conceder do que, tendo um único Filho, fazê-lo Filho do homem e reciprocamente fazer os filhos dos homens serem filhos de Deus?

Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede se encontrais outra coisa que não seja a graça de Deus.

Dos Sermões de Santo Agostinho - bispo
(Séc. V)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Diante do presépio
 

Caminhamos rumo a Belém. No caminho encontramos o presépio. Paramos e contemplamos a beleza e a ternura dessa cena: Maria ao lado do seu esposo José e, entre eles, a manjedoura. Os pais com grande alegria sonham com o filho que irá nascer! Hoje, nossos corações são a manjedoura onde o menino Jesus quer deitar para que cada um de nós possa cuidar dele e testemunhá-lo com amor e carinho.

Consagremos a Deus o caminho que nos leva ao encontro com Jesus (enquanto se canta uma pessoa entra com a vela acesa e a coloca ao lado do presépio já preparado anteriormente).

A: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

L1: Maria, mãe e rainha nossa, foste por Deus escolhida para receber a visita do anjo que veio anunciar que ias ser a mãe do nosso Salvador. Com a graça do Espírito o teu seio gerou o Filho de Deus.

Leitura: Lc 1,34-37

L2: Diante de tão grande mistério, estamos aqui para meditar os motivos que nos levam também a dizer sim ao projeto de Deus em nossa vida, mesmo sabendo que nesse caminho que trilhamos nos sentimos, muitas vezes, cansados, desanimados, frágeis e pequenos.

Oremos com Padre Faccenda

L1: Ó Maria de Nazaré, quantas vezes penso... se tu não tivesses julgado oportuno dizer aquele misterioso sim ao anjo, que te dirigia a sua saudação e que te propunha uma coisa tão nova, tão grande e tão absurda, onde me encontraria eu agora?

T: Ave cheia de graça, ave cheia de amor.

L2: Qual teria sido o meu destino? Qual o destino de toda a humanidade que se revezou nestes vinte séculos, e se revesará nos séculos futuros?

T: Ave cheia de graça, ave cheia de amor.

L1: Mas, tu esqueceste aquilo que tinhas planejado para a tua vida... E, quando a criação fremia na expectativa e o céu trepidava diante da incerteza da tua resposta, o teu sim pronto, consciente e generoso, ressou como um grito de vitória.

T: Ave cheia de graça, ave cheia de amor.

L2: O Espírito de amor te possuía fazendo de ti sua esposa, cumulando-te de dons, de graça e de maternidade.

T: Ave cheia de graça, ave cheia de amor.

A: Deus escolheu Maria para ser a mãe do seu Filho. Maria é o ponto de encontro entre a divindade e a humanidade. Ela mudou a história do homem dando a cada um a chance de realizar de maneira única a imagem de Deus em si mesmo.

Leitura: Lc 2,6-12

L1: Estamos diante do presépio. Neste lugar simples Deus quis nascer. O anjo anunciou aos pastores: "Vocês vão encontrar o menino envolto em faixas e deitado numa manjedoura." (Lc 2,12)

L2: Somos também como os pastores que buscam Deus. O nosso coração quer ser a manjedoura onde Jesus fará o seu refúgio e a sua morada.

Meditemos com Padre Kolbe

L1: "Maria é criatura de Deus, propriedade de Deus, imagem de Deus, filha de Deus, da maneira mais perfeita possível para um ser meramente humano. A sua união de amor com Deus chega a ponto dela se tornar a mãe de Deus. O Pai lhe confia o próprio Filho, o Filho descende de seu ventre, enquanto o Espírito Santo forma, a partir do corpo dela, o corpo santíssimo de Jesus."

A: Deus nos pede para cuidarmos dessa criança. Somos felizes porque o divino quer morar em nós. Pelo sim de Maria, Jesus habitou a nossa vida, trazendo paz, felicidade e salvação. Diante de tão grande mistério de amor, somos levados a manifestar nossa alegria e gratidão a Deus. Dessa forma, como gesto concreto, façamos o propósito de acolher com amor o menino Deus em nossos corações e levá-lo a todos em nossos irmãos.

Everenice Schiavon Ara
Voluntária da Imaculada-Padre Kolbe
Com a Imaculada no presépio
 

“Que pensavas tu, ó Imaculada,quando pela primeira vez “nanava” o divino menino naquele pouco de feno? Que sentimentos inundaram o seu coração enquanto o envolvia em panos, o abraçava em seu coração e o amamentavas?” (SK 1236)

As palavras de Maximiliano nos convidam a nos colocar, diante do presépio, com a mente e o coração abertos para Deus, a fim de acolher com alegria a novidade que se aproxima: Deus mesmo vem a nós. E vem de uma maneira que nos surpreende e encanta: como um nenê! Por isso, desejamos vivenciar o natal com aqueles sentimentos que, segundo Maximiliano Kolbe, ao meditar o natal, a Virgem sentiu: humildade, amor e agradecimento (SK 1236).

Mas, o que é o natal? É o nascimento de algo novo... o nascimento de um projeto de vida, de um jeito novo de viver! O jeito de Jesus Cristo!

O que pensamos diante do nascimento de Deus para nós? E o que sentimos? Deus na sua iniciativa apresenta uma novidade que nos alegra o coração: o seu projeto de amor, de vida e salvação. E coloca esse projeto em nossas mãos... tanto quanto colocou nas mãos da Virgem o menino! E mais: faz-nos sentir esse projeto - fruto da nossa generosidade e disponibilidade como nosso! O divino se faz humano. O projeto do Pai se faz projeto da Virgem. E o reino de Deus se faz nosso projeto!

Que a este dia de natal seja uma linda oportunidade para rezar, meditar e contemplar o projeto de Deus feito carne: Jesus Cristo, bem como rezar e concretizar, o nosso projeto de vida iluminado por este menino, vivenciando aqueles sentimentos da Virgem e tantos outros que surgirem em nosso interior como reconhecimento da glória de Deus! Bom natal a todos!

Rosana de Jesus Coelho



sábado, 22 de dezembro de 2012

Magnificat
 

 "E Maria disse: A minh’alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador" (Lc 1,46-47).

O Senhor, diz ela, elevou-me por um dom tão grande e inaudito, que nenhuma palavra o pode descrever e mesmo no íntimo do coração é difícil compreendê-lo. Por isso dedico todas as forças de meu ser ao louvor e à ação de graças, contemplando a grandeza daquele que é eterno, e ofereço com alegria minha vida, tudo que sinto e penso, porque meu espírito rejubila pela divindade eterna de Jesus, o Salvador, que concebi e é gerado em meu seio.
"O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome!" (Lc 1,49).

Estas palavras se relacionam com o início do cântico que diz: A minh’alma engrandece o Senhor. De fato, só a alma em quem o Senhor se dignou fazer maravilhas pode engrandecê-lo e louvá-lo dignamente e dizer, exortando os que compartilham seus desejos e aspirações: "Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome" (Sl 33,4).

Quem conhece o Senhor e é negligente em proclamar sua grandeza e santificar o seu nome, será "considerado o menor no reino dos céus" (Mt 5,19). Diz-se que santo é o seu nome porque, pelo seu poder ilimitado, transcende toda criatura e está infinitamente separado de todas as coisas criadas.
"Acolhe Israel, seu servidor, fiel ao seu amor" (Lc 1,54).

Israel é, com razão, denominado servidor do Senhor, porque, sendo obediente e humilde, foi por ele acolhido para ser salvo, como diz Oséias: "Quando Israel era criança, eu já o amava" (Os 11,1). Aquele que recusa humilhar-se não pode certamente ser salvo, nem dizer com o Profeta: Quem me protege e me ampara é meu Deus; "é o Senhor quem sustenta a minha vida!" (Sl 53,6). Mas, "quem se fizer humilde como uma criança, esse é o maior no reino dos céus" (cf. Mt 18,4).

"Como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre" (Lc 1,55).
Trata-se da descendência de Abraão segundo o espírito e não segundo a carne, isto é, não apenas dos filhos segundo a natureza, mas de todos que seguiram o exemplo da sua fé, fossem eles circuncidados ou incircuncisos. Pois o próprio Abraão, ainda incircunciso, acreditou e isto lhe foi imputado como justiça.

A vinda do Salvador foi, portanto, prometida a Abraão e a seus filhos para sempre, isto é, aos filhos da promessa, dos quais se diz: "Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa" (Gl 3,29).

É com razão que, antes do nascimento do Senhor e de João, suas mães profetizam, para que, tendo o pecado começado pela mulher, os bens comecem igualmente por ela; e se foi pela sedução de uma só mulher que a morte foi introduzida no mundo, agora é pela profecia de duas mulheres que se anuncia ao mundo a salvação.

Da Exposição sobre o Evangelho de São Lucas
São Beda Venerável - presbítero
(Séc. VIII)


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A visitação da Virgem Maria
 

O Anjo anunciara à Virgem Maria coisas misteriosas. Para fortalecer sua fé com um exemplo, anunciou-lhe a maternidade de uma mulher idosa e estéril, como prova de que é possível a Deus tudo que ele quer.

Logo ao ouvir a notícia, Maria dirigiu-se às montanhas, não por falta de fé na profecia ou falta de confiança na mensagem, nem por duvidar do exemplo dado, mas guiada pela felicidade de ver cumprida a promessa, levada pela vontade de prestar um serviço, movida pelo impulso interior de sua alegria.

Já plena de Deus, aonde ir depressa senão às alturas? A graça do Espírito Santo ignora a lentidão. Manifestam-se imediatamente os benefícios da chegada de Maria e da presença do Senhor, pois quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança exultou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo (Lc 1,41).

Notai como cada palavra está escolhida com perfeita precisão e propriedade: Isabel foi a primeira a ouvir a voz, mas João foi o primeiro a pressentir a graça; aquela ouviu segundo a ordem da natureza, este exultou em virtude do mistério. Ela percebeu a chegada de Maria, ele, a do Senhor; a mulher ouviu a voz da mulher, o menino sentiu a presença do Filho; elas proclamam a graça de Deus, eles realizam-na interiormente, iniciando no seio de suas mães o mistério de misericórdia; e, por um duplo milagre, as mães profetizam sob a inspiração de seus filhos.

A criança exultou, a mãe ficou cheia do Espírito Santo. A mãe não se antecipou ao filho; mas estando o filho cheio do Espírito Santo, comunicou-o a sua mãe. João exultou; o espírito de Maria também exultou. A alegria de João se comunica a Isabel; quanto a Maria, porém, não nos é dito que recebesse então o Espírito, mas que seu espírito exultou. – Aquele que é incompreensível agia em sua mãe de modo incompreensível – Isabel recebe o Espírito Santo depois de conceber; Maria recebeu antes. Por isso, Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste (cf. Lc 1,45).

Felizes sois também vós, que ouvistes e acreditastes, pois toda alma que possui a fé concebe e dá à luz a Palavra de Deus e conhece suas obras.

Esteja em cada um de vós a alma de Maria para engrandecer o Senhor: em cada um esteja o espírito de Maria para exultar em Deus. Embora segundo a natureza haja uma só Mãe do Cristo, segundo a fé o Cristo é o fruto de todos; pois toda alma recebe o Verbo de Deus desde que, sem mancha e libertada do pecado, guarda a castidade com inteira pureza.

Toda alma que alcança esta perfeição, engrandece o Senhor como a alma de Maria o engrandeceu e seu espírito exultou em Deus, seu Salvador.

Na verdade, o Senhor é engrandecido, como lemos noutro lugar: Comigo engrandecei ao Senhor Deus (Sl 33,4). Não que a palavra humana possa acrescentar algo ao Senhor, mas porque ele é engrandecido em nós: a imagem de Deus é o Cristo e assim, quando alguém age com piedade e justiça, engrandece essa imagem de Deus, a cuja semelhança foi criado; e, engrandecendo-a, participa cada vez mais da grandeza divina.

Da Exposição sobre o Evangelho de São Lucas
Santo Ambrósio - bispo (Séc. IV)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O mundo inteiro espera a resposta de Maria


Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem – tu ouviste – mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta: já é tempo de voltar para Deus que o enviou. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia.

Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação; se consentes, seremos livres. Todos fomos criados pelo Verbo eterno, mas caímos na morte; com uma breve resposta tua seremos recriados e novamente chamados à vida.

Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés.

E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça.

Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna.

Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua humildade se encha de coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não temas a presunção. Pois, se tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus, mais necessário é agora mostrar tua piedade pela palavra.

Abre, ó Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento. "Eis aqui, diz a Virgem, a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38).

Das Homilias em louvor da Virgem Mãe
São Bernardo - abade (Séc. XII)


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

  Advento com Maria
 

"Deus é a fonte do amor na família. E a natureza do amor há uma tendência a ser incondicional, que nos permite compreender o mistério do amor humano no mistério do amor de Deus.

Humildade, pobreza interior, abandono em Deus... quantos valores no caminho de Maria! E mais: alegria, fé, caridade... estas são também as pérolas preciosas daqueles que se entregam totalmente a Ela.

Como terá amado a Virgem ao seu Filho, enquanto se formava dentro dela? E depois, como terá sido o seu relacionamento com Jesus, o Filho de Deus? O cristão que quer ser fiel ao seu Batismo tem que se apaixonar pelo Senhor e amá-lo como fez a Virgem Maria.

Quando alguém compreender o valor da vida será capaz de respeitar a sua própria vida e a dos outros. E não terá dúvida em enfrentar dificuldades para buscar o bem do outro."

Padre Faccenda
Fundador do Instituto

domingo, 16 de dezembro de 2012

Os muitos modos de anunciar o evangelho


Na liturgia deste 3º. domingo do Advento (Lucas 3, 10-18)  “João Batista tem para cada um de nós uma mensagem de esperança e de compromisso” - que é uma mensagem baseada na partilha, na justiça e no poder-serviço como uma maneira de construir uma nova história (José Bortolini). Atitudes que, anunciadas por João e praticadas por Cristo, constroem o reino no meio de nós. Pelo anúncio dessas atitudes práticas, podemos nos preparar para a chegada de Cristo e intuir, por meio dessas práticas, muitos modos de anunciar o evangelho.

São Maximiliano no seu amor pela vida missionária soube no seu tempo e dentro de suas condições, perceber novas maneiras de concretizar a presença de Cristo por meio da partilha, da justiça e do poder-serviço. Por exemplo, ao partilhar o seu pedaço de pão com um prisioneiro no campo de concentração em Auschwitz (1941); ou dar aos falecidos, vítimas da guerra em Varsóvia (1940), caixões fabricados nas oficinas do convento de Niepokalonów; ou a recusa que faz em receber um tratamento diferenciado, no barbeiro, pelo fato de ser sacerdote. Esses fatos, simples da vida de Maximiliano, testemunham a sua capacidade de perceber e concretizar, no seu dia a dia, as ocasiões de anunciar o reino de Deus.

Hoje, nós somos provocados a intuir no nosso dia a dia novas práticas que anunciem a presença de Cristo no meio de nós. Ele está para chegar e seu nascimento é para nós a força que necessitamos para concretizar essas intuições. Nós junto com Cristo, o Emanuel - Deus conosco, podemos construir uma história nova e diferente, que testemunhe também, a exemplo de Maximiliano, uma relação diferente com as pessoas.

Rosana de Jesus Coelho

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nossa Senhora de Guadalupe:
Padroeira da América Latina
 

Segundo arraigada tradição, a imagem da Virgem de Guadalupe apareceu impressa na manta do índio Juan Diego, em 1531, na cidade do México. Por isso permaneceu alguns dias na capela episcopal do Bispo Dom Frei Juan de Zumárraga e depois na Sé. Em 26 de Dezembro do mesmo ano foi solenemente levada para uma ermida aos pés do cerro de Tepeyac. Seu culto propagou-se rapidamente muito contribuindo para a difusão da fé entre os indígenas. Após a construção sucessiva de três templos ao pé do mesmo cerro, edificou-se o atual, concluído em 1709 e elevado à categoria de Basílica por São Pio X em 1904.

Em 1754 Bento XIV confirmou o patrocínio da Virgem de Guadalupe sobre toda a Nova Espanha (Do Arizona até a Costa Rica) e concedeu a primeira Missa e Ofício próprios. Porto Rico proclamou-a sua Padroeira em 1758. Em 12 de Outubro de 1892 houve a coroação pontifícia da imagem, concedida por Leão XIII, que no ano anterior aprovara um novo Ofício próprio. Em 1910 São Pio X proclamou-a Padroeira da América Latina; em 1935, Pio XI designou-a Padroeira das Ilhas Filipinas; e em 1945 Pio XII deu-lhe o título de “Imperatriz da América”.

A veneração da Virgem de Guadalupe, solícita a prestar auxílio e proteção em todas as tribulações, desperta no povo grande confiança filial; constitui, além disso, um estímulo à prática da caridade cristã, ao demonstrar a predileção de Maria pelos humildes e necessitados, bem como sua disposição em assisti-los.


A VOZ DA ROLA SE ESCUTA EM NOSSA TERRA


Num sábado de mil e quinhentos e trinta e um, perto do mês de dezembro, um índio de nome Juan Diego, mal raiava a madrugada, ia do seu povoado a Tlatelolco, para participar do culto divino e escutar os mandamentos de Deus. Já amanhecia, quando chegou ao cerrito chamado Tepeyac e escutou que do alto o chamavam:

- Juanito! Juan Dieguito!

Subiu até o cimo e viu uma senhora de sobre-humana grandeza, cujo vestido brilhava como o sol, e que, com voz muito branda e suave, lhe disse:

- Juanito, menor dos meus filhos, fica sabendo que sou Maria sempre Virgem, Mãe do verdadeiro Deus, por quem vivemos. Desejo muito que se erga aqui um templo para mim, onde mostrarei e prodigalizarei todo o meu amor, compaixão, auxílio e proteção a todos os moradores desta terra e também a outros devotos que me invoquem confiantes. Vai ao Bispo do México e manifesta-lhe o que tanto desejo. Vai e põe nisto todo o teu empenho.

Chegando Juan Diego à presença do Bispo Dom Frei Juan de Zumárraga, frade de São Francisco, este pareceu não dar crédito e respondeu:

- Vem outro dia, e te ouvirei com mais calma.

Juan Diego voltou ao cimo do cerro, onde a Senhora do céu o esperava, e lhe disse:

- Senhora, menorzinha de minhas filhas, minha menina, expus a tua mensagem ao Bispo, mas parece que não acreditou. Assim, rogo-te que encarregues alguém mais importante de levar tua mensagem com mais crédito, porque não passo de um joão-ninguém.

Ela respondeu-lhe:

- Menor dos meus filhos, rogo-te encarecidamente que tornes a procurar o Bispo amanhã dizendo-lhe que eu própria, Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, é que te envio.

Porém no dia seguinte, domingo, o Bispo de novo não lhe deu crédito e disse ser indispensável algum sinal para poder-se acreditar que era Nossa Senhora mesma que o enviara. E o despediu sem mais aquela.

Segunda-feira, Juan Diego não voltou. Seu tio Juan Bernardino adoecera gravemente e à noite pediu-lhe que fosse a Tlatelolco de madrugada, para chamar um sacerdote que o ouvisse em confissão.

Juan Diego saiu na terça-feira, contornando o cerro e passando pelo outro lado, em direção ao Oriente, para chegar logo à Cidade do México, a fim de que Nossa Senhora não o detivesse. Porém ela veio a seu encontro e lhe disse:

- Ouve e entende bem uma coisa, tu que és o menorzinho dos meus filhos: o que agora te assusta e aflige não é nada. Não se perturbe o teu coração nem te inquiete coisa alguma. Não estou aqui, eu, tua mãe? Não estás sob a minha sombra? Não estás porventura sob a minha proteção? Não te aflija a doença do teu tio. Fica sabendo que ele já sarou. Sobe agora, meu filho, ao cimo do cerro, onde acharás um punhado de flores que deves colher e trazer-mo.

Quando Juan Diego chegou ao cimo, ficou assombrado com a quantidade de belas rosas de Castela que ali haviam brotado em pleno inverno; envolvendo-as em sua manta, levou-as para Nossa Senhora. Ela lhe disse:

- Meu filho, eis a prova, o sinal que apresentarás ao Bispo, para que nele veja a minha vontade. Tu é o meu embaixador, digno de toda a confiança.

Juan Diego pôs-se a caminho, agora contente e confiante em sair-se bem de sua missão. Ao chegar à presença do Bispo, lhe disse:

- Senhor, fiz o que me ordenaste. Nossa senhora consentiu em atender o teu pedido. Despachou-me ao cimo do cerro, para colher ali várias rosas de Castela, trazê-las a ti, entregando-as pessoalmente. Assim o faço, para que reconheças o sinal que pediste e assim cumpras a sua vontade. Ei-las aqui: recebe-as.

Desdobrou em seguida a sua branca manta. À medida em que as várias rosas de Castela espalhavam-se pelo chão desenhava-se no pano e aparecia de repente a preciosa imagem de Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, como até hoje se conserva no seu templo de Tepeyac.

A cidade inteira, em tumulto, vinha ver e admirar a sua santa imagem e dirigir-lhe suas preces. Obedecendo à ordem que a própria Nossa Senhora dera ao tio Juan Bernardino, quando devolveu-lhe a saúde, ficou sendo chamada como ela queria: "Santa Maria sempre Virgem de Guadalupe".

Do "Nicán Mopohua", relato do escritor indígena
do século dezesseis Dom Antônio Valeriano
("Nican Mopohua", 12ª edición, Buena Prensa,
México, D.F., 1971, p. 3-19.21)
(Séc. XVI)

Fonte: Liturgia das horas


 


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O caminho de Jesus é diferente


A liturgia do segundo domingo do advento (cf. Lucas 3, 1-6) nos anima a bem viver o apelo à conversão. Sim! O apelo a escutar as palavras de João Batista que nos interpela a decidir-nos por outro caminho que é o caminho de Jesus Cristo. Este caminho é um caminho diferente. Diferente porque nos conduz à vida – aquela vida que desejamos e sonhamos: vida de paz e de justiça em que vemos a pratica do amor e do respeito. Será que nestes dias estamos preocupados demais com algumas coisas que nos dificulta a escutar esse apelo de João Batista?

Certa vez, Maximiliano Kolbe numa viajem de trem encontra uma pessoa e se coloca a conversar com ela perguntando-lhe qual o seu trabalho e qual a meta da sua vida (cf. SK 1103). Esta pessoa – como alguns de nós hoje – responde que não tem tempo para pensar nas indagações de Maximiliano.  A primeira pergunta é bem próxima de nossas conversas – de todos os dias – com as pessoas que encontramos nas ruas, no mercado, nos estabelecimentos públicos, e pode ser respondida sem problemas. No entanto, a segunda, é uma pergunta mais ousada e requer reflexão.

Talvez a semelhança de João Batista e São Maximiliano seja a ousadia em aproximar-se das pessoas e provocá-las quanto às escolhas que estão fazendo, ou seja, quanto ao seu projeto de vida que significa como estão assumindo concretamente a própria existência. Maximiliano provocou aquela pessoa no trem a pensar durante a sua viagem qual a meta da sua vida: que vida se deseja e como concretizá-la? João Batista nos interpela a preparar o nosso coração para vivenciar um caminho diferente que é o caminho de Jesus Cristo e que significa um projeto alternativo para bem vivermos nossa relação com as pessoas, conosco mesmo, com Deus e com o mundo em que habitamos.

Que esta semana seja para nós como aquela viagem de trem – tempo de escutar e concretizar as mudanças que nos trazem uma vida nova.

Rosana de Jesus Coelho

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Feliz festa da Imaculada Conceição!
 
 
Caríssimas Missionárias, Missionários e Voluntários da Imaculada-Padre Kolbe,

da Argentina, onde estou para o encontro das Diretoras e Formadoras da América Latina, dirijo as minhas saudações e votos de felicidades para a Festa da Imaculada Conceição, "a nossa festa", como gostava de dizer o Padre.

Durante a novena, cantamos em todas as línguas "Toda bela é Maria". Nela vemos realizado o projeto de beleza, de alegria, de felicidade, de amor, que é o projeto de santidade que Deus tem para cada um de nós. Nela contemplamos o triunfo da graça de Deus e o fruto mais belo da Redenção.

Mas qual é o segredo da grandeza de Maria? Até o Papa Bento XVI, em sua homilia, em 8 de dezembro de 2006, se perguntou por que Deus tinha escolhido entre todas as mulheres Maria de Nazaré para gerar seu Filho único. "A resposta - disse o Papa - está escondida no mistério insondável da vontade divina. Há uma razão que o Evangelho ressalta: a sua humildade. Sim, Deus foi atraído pela humildade de Maria, que encontrou graça em seus olhos." (Angelus, 8 de dezembro de 2006)

Maria se reconhece a "humilde serva do Senhor" oferece a sua disponibilidade incondicional à vontade de Deus e rende-se incondicionalmente ao Senhor, para quem nada é impossível. No binômio humildade - confiança, abandono reside o segredo da grandeza de Maria. Binômio recomendado muitas vezes pelo Padre: "Para ser um instrumento cheio de amor de Deus viverá na humildade e na confiança: humildade para lhe dizer que você não é nada, e 'nada', nada pede, nada reclama, não pretende nada . Confiança para dizer que também o nada com Deus torna-se um poder. Um poder que para São Paulo, pode tudo: não só superar as provações e tentações, mas subir a montanha do Amor." (3 OVS pág. 178-179)

O mistério da Imaculada Conceição nos mostra a vitória de Cristo sobre o pecado e isto deve abrir-nos à esperança, mesmo nas provações da vida que nos fazem vacilar. "Queridos amigos, que alegria imensa ter Maria Imaculada como Mãe! Cada vez que experimentamos a nossa fragilidade e a sugestão do mal, podemos recorrer a Ela e nosso coração recebe luz e conforto." (Bento XVI, Angelus, 8 de dezembro de 2009) Parecem ecoar nas palavras do Papa as de São Maximiliano: "Entendo, pessoalmente, que negligencio muitas coisas boas, aquelas boas as cumpro muito mal e não estou isento do mal, mas a esperança é na Imaculada, que é capaz de reparar qualquer coisa e transformá-la em um bem maior." (SK 315)

Sustentados por esta esperança, continuamos nosso caminho para o Natal, com os votos de receber das mãos de Maria o dom de Cristo em nossas vidas para doá-lo ao mundo, para que o homem encontre em Cristo a esperança e a alegria da vida.

Giovanna Venturi
Diretora geral do Instituto

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nono dia
NOVENA À IMACULADA CONCEIÇÃO
 
 
Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Nós vos louvamos ó Deus, autor de tantas maravilhas, que fizestes a Imaculada Virgem Maria participar em corpo e alma da glória por todas as gerações.

Louvor à Santíssima Trindade

Adoro-vos, ó Pai Celeste, porque depusestes no seio puríssimo de Maria o vosso Filho Unigênito. Adoro-vos, o Filho de Deus, porque vos dignastes entrar no seio de Maria e vos tornastes verdadeiro, real Filho seu. Adoro-vos, ó Espírito Santo, porque vos dignastes formar no seio Imaculado dela o corpo do Filho de Deus.
Adoro-vos, ó Trindade Santíssima, ó Deus Uno na Santíssima Trindade, por terdes nobilitado a Imaculada de um modo tão divino.
E não cessarei jamais, todos os dias, apenas acordado, de adorar-vos humildemente, ó Trindade divina, com a face em terra, repetindo três vezes: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio agora e sempre. Amém.

Escritos de São Maximiliano Kolbe

“A palavra impressa ou transmitida através das ondas do rádio, ou as imagens reproduzidas na impressão, ou então transmitidas pela televisão ou pelo cinema, ou por outros meios, tudo isto é muito, mas não é ainda tudo aquilo que é possível fazer para ensinar a todos e a cada um em particular quem é a Imaculada, para aquecer o amor para com Ela, e sobretudo para acender este amor essencial, um amor feito não tanto de sentimento quanto da vontade que se une com a vontade da Imaculada, assim como Ela uniu estreitamente a sua vontade à vontade de Deus, ao coração de Deus.”

Hino

Deus vos salve, Virgem,
Senhora do mundo,
Rainha dos céus
E das virgens, Virgem.

Estrela da manhã,
Deus vos salve, cheia
De graça divina,
Formosa e gentil.

Daí pressa, Senhora,
Em favor do mundo,
Que vos reconhece
Como defensora.

Deus vos nomeou
Desde a eternidade
Para mãe do Verbo
Com o qual criou.

Terra, mar e céus,
Quando Adão pecou,
Por esposa de Deus.

Deus a escolheu
E, já muito antes,
Em seu tabernáculo,
Morada lhe deu.
Ouvi, mãe de Deus,
Minha oração.
Toquem em vosso peito
Os clamores meus.

(Preces espontâneas...)

Rezar três Ave Marias e a Consagração a Nossa Senhora.

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo...
Salve Maria Imaculada!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Oitavo dia
NOVENA À IMACULADA CONCEIÇÃO
 

Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Nós vos louvamos Senhor, porque pela virgindade fecunda de Maria destes à humanidade a salvação eterna!

Louvor à Santíssima Trindade

Adoro-vos, ó Pai Celeste, porque depusestes no seio puríssimo de Maria o vosso Filho Unigênito. Adoro-vos, o Filho de Deus, porque vos dignastes entrar no seio de Maria e vos tornastes verdadeiro, real Filho seu. Adoro-vos, ó Espírito Santo, porque vos dignastes formar no seio Imaculado dela o corpo do Filho de Deus.
Adoro-vos, ó Trindade Santíssima, ó Deus Uno na Santíssima Trindade, por terdes nobilitado a Imaculada de um modo tão divino.
E não cessarei jamais, todos os dias, apenas acordado, de adorar-vos humildemente, ó Trindade divina, com a face em terra, repetindo três vezes: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio agora e sempre. Amém.

Escritos de São Maximiliano Kolbe

“Procuremos não desistir da atividade missionária da conquista dos corações para Imaculada. Oremos para que sua soberania se espalhe nas almas; ofereçamos com tal objetivo as nossas aflições, os nossos desprazeres, e empenhemo-nos em fazer com que Ela fique, sobretudo contente conosco. Conseguiremos obter isso, se a nossa consciência permanecer pura. Conservemos atentamente a imaculada pureza da consciência e quando ela tiver que se sujar, procuremos purificá-la o mais rápido possível. Um único ato de amor faz renascer a alma.”

Hino

Deus vos salve, Virgem,
Senhora do mundo,
Rainha dos céus
E das virgens, Virgem.

Estrela da manhã,
Deus vos salve, cheia
De graça divina,
Formosa e gentil.

Daí pressa, Senhora,
Em favor do mundo,
Que vos reconhece
Como defensora.

Deus vos nomeou
Desde a eternidade
Para mãe do Verbo
Com o qual criou.

Terra, mar e céus,
Quando Adão pecou,
Por esposa de Deus.

Deus a escolheu
E, já muito antes,
Em seu tabernáculo,
Morada lhe deu.

Ouvi, mãe de Deus,
Minha oração.
Toquem em vosso peito
Os clamores meus.

(Preces espontâneas...)

Rezar três Ave Marias e a Consagração a Nossa Senhora.

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo...
Salve Maria Imaculada!

Jesus te ama incondicionalmente

Você já deve ter ouvido muitas vezes que Jesus te ama do jeito que você é. Ou talvez seja a primeira vez que você esteja lendo isso. Se você...