São Jorge: mártir da Igreja

Já no século IV era venerado em Dióspolis (Palestina), onde havia uma igreja levantada em sua honra. O seu culto propagou-se pelo Oriente e Ocidente desde a antiguidade.


Inexpugnavelmente protegido pelo estandarte da cruz



A festa de hoje, caríssimos irmãos, vem duplicar a alegria pascal, como pedra preciosa que, engastada em ouro, o embeleza mais ainda com a sua própria formosura.

Jorge foi transferido duma milícia para outra, porque deixou o cargo de oficial dum exército da terra para se dedicar à milícia cristã. Nesta, como intrépido soldado, começou por libertar-se do peso dos seus bens terrenos, dando tudo aos pobres, e assim, livre e desembaraçado, revestido da couraça da fé, lançou-se na primeira linha do combate como valoroso guerreiro de Cristo.

Isto nos ensina claramente que não estão aptos para lutar com fortaleza e eficácia pela defesa da fé aqueles que ainda se recusam a despojar-se dos bens da terra.

São Jorge, inflamado pelo fogo do Espírito Santo e protegido inexpugnavelmente pelo estandarte da cruz, de tal modo combateu contra o rei iníquo que, vencendo este enviado de Satanás, venceu o chefe de toda a iniquidade e animou os soldados de Cristo a lutarem com valentia.

Assistia ao combate o Árbitro supremo e invisível, que, segundo os planos da sua providência, permitiu que os ímpios o atormentassem. Entregou de facto o corpo do mártir às mãos dos algozes, mas guardou a sua alma com protecção constante no baluarte invencível da fé.

Caríssimos irmãos, não nos limitemos a admirar este combatente do exército celeste, mas imitemo-lo também. Eleve-se o nosso espírito para o prémio da glória celeste, contemplemo-lo atentamente com os olhos do nosso coração, para não nos deixarmos abalar nem pelo sorriso enganador do mundo nem pelas ameaças do seu ódio perseguidor.

Purifiquemo-nos de toda a mancha na carne e no espírito, como nos manda São Paulo, para merecermos um dia entrar naquele templo da bem-aventurança, que por agora apenas entrevemos com o olhar do espírito.

Todo aquele que se quer esforçar por se oferecer a Deus em sacrifício no templo de Cristo, que é a Igreja, é necessário que, depois de lavado no banho sagrado do Baptismo, se revista com o manto das virtudes, conforme está escrito: Revistam-se de justiça os vossos sacerdotes. Quem pelo Baptismo renasce como homem novo em Cristo, não há-de tornar a vestir a mortalha do homem velho, mas a veste do homem novo, vivendo sempre renovado numa vida sem mancha.

Só assim, purificados da imundície da nossa antiga condição pecadora e resplandecentes pelo brilho dum procedimento renovado, seremos dignos de celebrar o mistério pascal e imitaremos verdadeiramente o exemplo dos santos mártires.

Dos Sermões de São Pedro Damião, bispo
(Sec. XI)


Oremos:


Celebramos, Senhor, o vosso poder e humildemente Vos pedimos que o mártir São Jorge seja agora tão pronto em socorrer a nossa fraqueza como o foi em imitar a paixão de Cristo, vosso Filho. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: Liturgia das horas

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