Festa da anunciação do Senhor: o sinal do amor!

No início da criação,
o amor de Deus foi manchado e
quebrado pela desobediência
e pela rebelião
do primeiro homem,
que assim perde os frutos do amor;
perde a compreensão
de todas as coisas,
ficando assim sujeito à ignorância; perde a liberdade
por causa das paixões, da dor e da morte; perde a felicidade.

Não pode mais permanecer no lugar em que Deus o havia posto. Tem que sair. E aí, no limiar do paraíso terrestre, permanece o anjo com a espada flamejante, símbolo do amor e da justiça divina (cf. Gn 3,24).

Adão e Eva baixam a cabeça, sabem que mereceram consequências do pecado que cometeram. Dão-se conta de tudo que perderam, porque viveram em contato com o amor de Deus, em contato com o seu Espírito que "pairava" no paraíso terrestre e era a alegria deles.

Contudo, antes que o homem e a mulher sejam expulsos, Deus, que é amor sem limites, quer ainda expressar esse amor e promete: "Eu porei inimizade entre você (a serpente) e a mulher, entre a sua descendência e os descendentes dela. Estes vão lhe esmagar a cabeça e você ferirá o calcanhar deles" (Gn 3,15).

Diante destas palavras de Deus, o primeiro homem e a primeira mulher erguem a cabeça e, com uma nova esperança, começam a caminhada, a caminhada da espera do Salvador.

A "visão daquela mulher" será a força da vida deles. O sinal da "jovem que concebeu e dará a luz um filho, e o chamará pelo nome de Emanuel" (Is 7,14) manterá viva a esperança no povo de Israel.

Maria, jovem de Nazaré, não sabia que era justamente Ela sobre a qual o Amor havia falado no paraíso terrestre, aquela que devia reatar os anéis de um único amor, o Amor que premiaria os justos do passado e que triunfará no final dos tempos.

Maria não sabe disso todavia, através das escrituras, sabe que deve viver o amor e se dedica de todo o seu coração a isso, para que chegue o dia esperado desde todos os séculos: "Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!" (Lc 1,28).

Perturbada, Maria talvez intua. De fato, por qual motivo um anjo apareceria a uma menina? E o anjo confirma: "Não tenha medo, Maria, você será a mãe da Emanuel" (cf. Lc 1,30-31). Maria compreende, e sabe que deve estar juntos para sofrer muito: a mãe sofreria a mesma dor do Filho.

 

Maria responde
 
Neste momento, podemos vislumbrar todo o drama de uma tal decisão e todo o amor de Maria. Ela, criatura humana, sabe que, aceitando, a sua vida mudará totalmente, mas se não disser o seu sim o que acontecerá com todos os seus irmãos, do mundo inteiro? O amor de Deus não poderá se manifestar, o Paraíso permanecerá fechado...

Maria não quer isso. Ela ama a humanidade. E então renuncia à sua paz, à sua vontade, aos seus programas. Responde "Fiat" e se torna Mãe de Deus, a fim de ser depois a mãe dos homens, presentes e futuros. Para ser o sinal do Amor.

Agora o anjo pode levar a Deus a resposta dela: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua palavra" (Lc 1,38).

A mãe começa assim a sua missão. Vamos vê-la correndo às pressas até a casa de Isabel, levando a salvação para a prima e para o menino que esta traz em seu seio (cf. Lc 1,39ss).

Logo que Maria tem um Filho, o entrega ao primado. E logo que o Filho tem uma Mãe, do mesmo modo, Ele a entrega à humanidade. E assim Maria se torna Mãe de Deus e a mãe de dos homens. A mãe que, ao longo de todos os séculos, está sempre pronta para ouvir a oração de seus filhos e repetir-lhes a mensagem que é a condição para ser verdadeiro filho seu e de Deus: "Façam o que Ele mandar" (Jo 2,5).

Certamente custou muito a Maria esquecer o seu próprio projeto de vida, a fim de abraçar o projeto que Deus tinha escolhido para Ela.

Custa-nos também deixar um vida que nos parece de paz, de serenidade, de liberdade... Mas se Deus nos chama para algo que não tínhamos previsto, teremos coragem de negar-lhe um amor que será fonte de muitos outros amores, que permitirá a outros irmãos ganharem a salvação? Não digamos não a Deus. Teremos o seu amor, a sua amizade nesta vida e a vida eterna. Não tenhamos medo de renunciar a nós mesmos, de ter que sofrer alguma coisa por seu amor, pois Jesus nos salvou com as mãos e os pés na cruz.

Seguindo o amor de Deus, experimentaremos quanta alegria Ele pode nos dar nesta terra. Uma alegria profunda, interior, na certeza de que nos encontramos nele. Na certeza de que com Ele seremos artífices da salvação de muitos e muitos corações. Seremos artífices de amor em todo o mundo.
 
Padre Luigi Maria Faccenda
Fundador do Instituto

Mais informações: http://www.kolbemission.org
 
 

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