Família em tempo de mudanças

Celebramos em agosto
o mês Vocacional
e a Semana Nacional da Família,
lembrando que é na família em que nascem as vocações. Neste contexto, pensemos nas famílias do mundo todo, que fazem parte do Plano de Deus, e que têm uma missão muito importante na construção do futuro da humanidade. 


A mentalidade do mundo globalizado

Cada vez é mais importante que as nossas ações sejam planejadas previamente em relação a educação dos filhos. A mentalidade do mundo atual é baseada no imediatismo, sendo muitas vezes difícil pensar e muito menos sonhar com o futuro. Os filhos, sejam eles, crianças, adolescentes ou jovens, vivem uma mudança radical de costumes em que as transformações globalizadas acontecem e afetam os seus critérios de compreender e julgar a realidade.

As famílias sofrem uma verdadeira avalanche de informações, que muitas vezes não dão sentido aos caminhos da existência humana. As inúmeras notícias que chegam até as pessoas pelos diferentes meios de comunicação explicam apenas partes da realidade, algumas vezes com elementos falsos e de dupla interpretação, fazendo que se perca o sentido único e completo da vida.

Qual é o caminho possível?

Muitas vezes os responsáveis pela educação e formação dos filhos se perguntam: 

Como reverter essa situação em nossa família? Qual o caminho que se deve seguir para sermos mais felizes? De que forma a minha família pode enfrentar, com sabedoria, os desafios que o mundo apresenta? 

A resposta parece simples, porém, é profunda e complexa. É preciso reconhecer que temos que ter um plano de ação, um caminho por onde começar e para onde ir.

O primeiro passo a dar é que se apresente aos filhos a rota, a direção e o caminho. Isso só será possível se eles tiverem como referência a própria família, ou então, se eles tiverem ao seu lado uma ou mais pessoas experientes e equilibradas, que possam lhe dar segurança e confiança.

Os filhos, sejam eles de qualquer faixa etária, precisam sentir-se compreendidos, amados, valorizados e, ao mesmo tempo, confiantes que juntos com a família possam pensar num plano de ajuda onde encontrarão respostas para os seus anseios e sonhos. 

Então, é nesse momento que entra a grande responsabilidade da família, que deve desempenhar o papel de educadora e formadora de valores, especialmente, na moral cristã.

A voz e o exemplo da Igreja

O Catecismo da Igreja Católica (n. 1656) diz que “em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante”. Da mesma forma, continua o Catecismo, “é no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo, os primeiros mestres na fé”.

A família é o alicerce forte e rígido da sociedade. É no seio da família que se pode viver e ensinar valores muitas vezes esquecidos, tais como: a honestidade, o serviço, a doação, o cuidado, a perseverança, a esperança e a fé. 

Por isso, os pais necessitam, agora mais do que nunca serem educadores de valores, não esquecendo-se de que são a “Família de Deus”. Isso significa que com o trabalho cotidiano, os gestos, os cuidados, o amor e a lealdade, a família vai realizando o sonho de Deus com relação à humanidade.

Existem algumas formas para que a família possa se sentir forte e seja um modelo a ser imitado. Por exemplo, pode-se partilhar com os filhos a história da Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, com as suas alegrias, desafios, medos, conquistas, esforços e união, para que esses valores sejam mais conhecidos. 

Conhecer essa família, que a exemplo da sua, cuidou, alimentou e educou o Menino Deus e que o viu crescer para uma grande missão. 

Essa família divina que passou por grandes desafios semelhantes às nossas famílias, mas, que conseguiu, com fé, perseverar nos planos de Deus, mesmo nos momentos em que lhe pareciam difíceis de alcançar ou quando não lhes davam nenhuma garantia de ser bom.

Além do conhecimento da família de Jesus, uma outra sugestão muito interessante é a dos filhos conhecerem alguns santos da nossa Igreja, que podem servir-lhes de exemplo. 

Podemos citar, por exemplo, a família de São Maximiliano Kolbe. Quando era ainda criança o seu nome era Raimundo. Foi no seio dessa família que ele aprendeu a rezar, a perdoar os outros e a amar sem limites Nossa Senhora. Esses ensinamentos o fizeram a ser um santo, mártir da caridade.

Também, a família de Santa Terezinha de Jesus, cultivou nela o amor à simplicidade, à confiança sem limites, à humildade, ao agir desinteressado e à pobreza da alma. O segredo de Tereza foi que na família descobriu a sua pequenez diante de Deus e assumiu uma atitude de criança diante do Senhor Deus. 

Estes santos que foram citados e também outros podem ser modelo, exemplo e motivação às virtudes muitas vezes esquecidas por uma sociedade materialista e egoísta.

A busca da verdade, do bem e da beleza

Tudo isso pode ajudar a família a viver esse tempo de mudanças e desafios. Embora não seja fácil, é preciso e necessário criar momentos diversos e animados dos filhos com a família e com os amigos. 

Dessa forma, proporcionar momentos alegres de lazer, de jogos em grupos, de participar de campanhas solidárias, de oração em família e na comunidade e de formação catequética. Tudo isso os ajudarão a fazer uma nova experiência de vida e de mostrar, que além das dificuldades de cada dia, a vida é preciosa aos olhos de Deus. 

Para finalizar, podemos refletir a partir de uma mensagem do Papa Bento XVI: “A vida não é uma mera sucessão de fatos e experiências, por mais úteis que se possam revelar. É uma busca da verdade, do bem e da beleza. É precisamente para tal fim que fazemos as nossas opções, exercemos a nossa liberdade e nisso mesmo, isto é, na verdade, no bem e na beleza, encontramos felicidade e alegria”.

Qual é o momento certo para orientar os filhos? 

O momento certo é hoje e agora. Temos pressa de formar as nossas crianças, os adolescentes e os jovens para esse novo mundo repleto de avanços tecnológicos, que muitas vezes nos assusta, mas que, nos convida a vencer os desafios e a preparar uma sociedade mais humana, compreensiva, solidária, alegre e feliz. 

Que os responsáveis pela família orientem os filhos para que descubram em Deus a sua esperança. Isso só é possível se o coração da família estiver repleto de amor, aprendendo e ensinando que só Deus é o único que pode preencher o nosso interior de paz e alegria. 

Quando essa criança, adolescente e jovem aprenderem esses ensinamentos, será aí que eles perceberão que são dotados de infinitas capacidades, habilidades, dons e talentos que os farão sentirem-se amados e valorizados não pelo que possuem, mas pelo que realmente são. 

O Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Christus Vivit nos lembrou o exemplo de Jeremias, “chamado quando muito jovem para ajudar seu povo. Em seu temor, disse: ‘Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou apenas um jovem’ (Jr 1,6). Mas o Senhor pediu-lhe que não dissesse isso (Jr 1,7), e acrescentou: ‘Não tenhas medo deles, pois estou contigo para te livrar” (Jr 1,8). A entrega do profeta Jeremias à sua missão mostra o que é possível quando se une o frescor da juventude e a força de Deus”.

Por isso, famílias, alicerçados no amor de Deus, tenham confiança que o melhor caminho a seguir na educação dos filhos vem da fé, passando pelo caminho da esperança e concretizando-se no amor.

Everenice Schiavon Ara
Voluntária da Imaculada-Padre Kolbe

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