Deus de Misericórdia

Ao procurarmos a palavra misericórdia no dicionário, encontraremos que ela é um substantivo feminino significando sentimento de dor, piedade, solidariedade com relação a alguém que sofre.


Realmente, se formos analisar na prática, a palavra misericórdia é pensada e falada quando estamos perante uma situação difícil ou quando ficamos sabendo de um acontecimento trágico com alguém.


Neste sentido, quando passamos por dificuldades, tribulações em nossas vidas, daquelas que parece que o nosso coração pára de bater, uma das frases que poderá vir em nossa mente é “Deus, tende misericórdia de mim”, querendo, em outras palavras, dizer, tenha dó de mim e me ajude neste momento difícil por qual estou passando.


Isso porque já escutamos falar que Deus é misericordioso.


Mas, ao dizer que Deus é misericordioso, será que a palavra misericórdia não ganha outro significado?


Para isso, temos que mencionar Santa Faustina Kowalska, uma madre polonesa que teve revelações a respeito da Divina Misericórdia e que foi canonizada pelo Papa São João          Paulo II.


No diário escrito pela Santa Faustina, Jesus pediu para que fosse feito um quadro da visão que ela teve Dele com as mãos estendidas de onde saiam raios nas cores branco, vermelho e azul.


Jesus também pediu para que fosse realizada a Festa da Divina Misericórdia no Domingo após a celebração da Páscoa.


Por um decreto instituído pelo então Papa João Paulo II, deu-se início a Festa da Misericórdia, celebrada no Domingo após a Páscoa.


Podemos então pensar, a palavra Misericórdia Divina deve ser muito importante para que o próprio Jesus tenha enfatizado de maneira a querer que seja comemorada em um dia especifico.


Realmente, quando pensamos na palavra Misericórdia de Deus, o significado é outro, bem diferente da constante do dicionário.


A Misericórdia Divina não está relacionada a sentimento de dor ou piedade, pois estes são sentimentos humanos, ligados a sensibilidade.


Devemos partir do princípio que a vontade de Deus é de amor, e quando este amor é dirigido a nós, se manifesta em misericórdia.


Deus revela que é rico em misericórdia (Ef 2,4), a ponto de entregar seupróprio Filho. A vinda de Jesus ao mundo e a sua morte por nós na cruz, foi a manifestação clara da Misericórdia Divina.

Concluímos, portanto, que Deus é amor que se manifesta na sua infinita misericórdia.


Várias passagens bíblicas podem exemplificar para nós a Divina Misericórdia como a do Filho Pródigo (Lc 15,11-32) que pede ao pai para adiantar sua herança, a fim de viver a vida do jeito que ele achava que era melhor. O pai entrega a herança ao filho que, esbanjando dela, no final acaba sozinho e tendo como única comida a lavagem de porcos. Ao se arrepender e voltar para a casa do pai, este lhe recebe de braços abertos.


Nesta passagem bíblica, podemos perceber a Misericórdia de Deus na figura do pai que consola o filho, como nos consola em todas as tribulações.


Mas aqui gostaria de refletir sobre outra passagem bíblica (Jo 8,1-11) de quando Jesus estava ensinando o povo no templo quando foi interrompido pelos mestres da Lei e os fariseus que lhe apresentaram uma mulher surpreendida em adultério e, colocando-a no meio deles, perguntaram a Jesus o que deveria ser feito com ela. Isso porque a Lei de Moisés mandava apedrejar.


Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiram em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. O povo, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho com a mulher.


Então, Jesus depois de perguntar para a mulher onde estavam todos que queriam julgá-la, disse: “Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais”.


Podemos refletir tal passagem de várias maneiras e de acordo com as situações que vivemos no dia a dia.


Muitas vezes fazemos o papel dos fariseus e escribas quando julgamos as outras pessoas com base nas nossas próprias crenças. Esquecendo, porém, que somos pecadores.


Outras vezes, fazendo o papel da mulher, somos julgados por terceiros pelos erros que cometemos e, desmotivados, acabamos por acreditar que não existem novas possibilidades de recomeçarmos uma vida nova.


Fato é que, em ambos os casos, tanto a mulher que está sendo condenada quanto quem a está condenando, estão longe do amor de Deus. Não enxergam a graça e a possibilidade de um novo caminho, uma vida diferente.


Se os julgadores tivessem o coração aberto para o consolo que vem de Deus, se já tivessem experimentado tal graça, seriam capazes de oferecer a mão para quem estivesse passando por momentos de dificuldades.


No mesmo sentido, se a mulher tivesse sentido o amor que vem de Deus e a sua misericórdia, saberia que teria a possibilidade de ter trilhado um caminho
novo, livre do pecado.


A pessoa que é consolada pela Misericórdia de Deus, é capaz de consolar quem precisa.


Na correria do dia a dia, talvez nós, assumindo o papel ora do julgador e ora da vítima, nos afastamos do amor de Deus, a ponto de não conseguirmos perceber a Misericórdia Divina e a possibilidade de trilharmos outros caminhos.


Nossa certeza é que Jesus sempre está de braços estendidos, oferecendo o perdão, pois seu amor é eterno e, portanto, eterna é sua misericórdia.


Não tenhamos medo de nos aproximarmos de Jesus e pedir perdão para que Ele, assim como fez com a mulher, nos perdoe e, com isso, nos mostre um caminho novo, uma vida nova, renovada de possibilidades.


Busquemos viver a devoção à Divina Misericórdia e propagá-la com nossas vidas.


Mariana de Gaspari
Voluntária da Imaculada-Padre Kolbe

Foto: Portal Divina Misericórdia

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