Sentimento que se traduz em amor

“Quem ama não conhece nada que seja difícil”
(Santo Antônio de Pádua)









        Como posso iniciar esse texto? Como posso falar de alguém que é tão especial? Como posso defini-la? Com o que posso compará-la? Apesar da simplicidade da sua vida, como é difícil traduzir em palavras o seu significado.

Acho que essa pessoa a que me refiro se traduz numa só palavra: Amor. Não um Amor que é só sentimento, mas um Amor que se traduz em cuidado, proteção, doação, perdão, acolhida e, também, em abraços e beijos. Enfim, é toda ternura e paz.

Ah... estou tão feliz que me esqueci de dizer que estou falando da mãe! A mãe, criatura especial, que esperou, sonhou e cuidou do seu filho desde quando Deus a chamou para assumir a missão da maternidade. Foi ela que moldou o rosto, o olhar, os braços, as pernas e as mãos de uma criaturinha tão importante e querida. Foi ela também que doou toda a sua energia, o seu jeito carinhoso e bonito de ser para educar o filho e formar uma personalidade. 

Da mesma forma, foi a mãe que alimentou o seu filho com a sua própria vida e cuidou de cada detalhe e dos dons que Deus já havia programado. Aprendemos que a paciência, a doação, o carinho e o respeito são as verdadeiras riquezas que ajudam os filhos a serem melhores seres humanos. Também aprendemos com as mães que devíamos ter a capacidade de olhar e ouvir mais com o coração as pessoas para, assim como ela, compreender a todos sem julgamentos e acusações.

Agora, o que mais posso dizer? São muitas as maravilhas que definem uma mãe que seria impossível retratar todas elas aqui.

Quem és, ó Senhora?

“Não és somente criatura, não és somente filha adotiva, mas és mãe de Deus e não somente Mãe adotiva, mas verdadeira Mãe de Deus” (São Maximiliano Kolbe).










        Neste instante penso e imagino quanto é bela a Mãe das Mães, a Virgem Maria. Penso no amor e na ternura dessa mãe por seu filho. Que lindo saber que Deus quis ser uma criança e que fosse alimentada por uma mãe tão humana e real. Que ele nasceria de uma mulher, que cuidaria dele e que ele a chamaria de mamãe!

Que coisa incrível imaginar que Deus quis ter a experiência humana de ser amado e cuidado por uma mãe. Da mesma forma, surpreende-me como Deus pôde viver a experiência de crescer, se fortalecer e aprender sob o olhar de uma mãe. E eu fico me perguntando por qual razão Deus teve que nascer numa família pobre e humilde e ser filho de uma jovem mulher, que foi escolhida por ser cheia de graça?

Por tudo isso, a Virgem Maria é modelo e imagem das mães. Assim como muitas mães, Maria acompanhou o seu Filho ao longo da sua vida. De Belém até o Calvário, ela esteve presente em cada passo de Jesus. Maria, mulher forte que permaneceu de pé ao lado da cruz, nos foi dada como mãe.

Por isso, temos a certeza de que a Virgem Maria continua ao lado de cada um de nós e ao lado de cada mãe, ajudando a caminhar com fé, esperança e amor.

    MARIA, MÃE DA FÉ

“Sou como uma árvore que morrendo transmite vida e que gerando vida continua a própria” (Frei Luigi Faccenda) 










        A Virgem Maria está sempre presente no nosso caminho de fé. Ela que foi chamada por Isabel como “bendita” por causa do “fruto do seu ventre” e de “bem-aventurada”, tem a autoridade de nos testemunhar a fé. 

O testemunho e o amor de Maria para cada um de nós é um sinal da sua maternidade, que ela abraçou aos pés da cruz.

O “sim” de Maria para ser a mãe do Filho de Deus é um consentimento à maternidade de um Deus que quis ser homem e viver entre nós.

No coração de cada mãe deve resplandecer Maria. Isso porque ela é modelo de mãe, esposa e filha. Porque ela ensina a cada um a seguir os caminhos de Deus com humildade, docilidade e respeito.

Quando Maria recebeu o anúncio do anjo Gabriel disse: “Eis aqui a serva do Senhor”. (Lc 1,38). O que significou isso para a humanidade? Qual o sentido desse sim a cada homem pobre ou rico, simples ou com autoridade? Significa que aquela menina é a mãe do Filho de Deus e que cuida dos seus filhos aqui na Terra. Ela é a mãe que ilumina os nossos caminhos e nos dá esperança.

Como nos diz o nosso Papa Francisco:

“Sempre chama a atenção a força do “sim” da jovem Maria. A força desse “faça-se” que ela disse ao anjo.  Foi uma coisa diferente duma aceitação passiva e resignada. Foi diferente de um “sim” como dizendo: “Bem, tentemos e vejamos o que acontece”. Maria não conhecia essa expressão: vejamos o que acontece. Era determinada, sabia do que se tratava e disse “sim” sem rodeios. Foi algo mais, algo diferente. Foi o “sim” de quem quer comprometer-se e de quem quer arriscar, de quem quer arriscar tudo (…) Maria teria, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não eram uma razão para dizer ”não” (...) Maria não comprou um seguro de vida! Maria jogou-se, e é por isso que é forte. (...) “O “sim” e o desejo de servir foram mais fortes que as dúvidas e as dificuldades”. (Exortação Apostólica Pós-sinodal: CHRISTUS VIVIT, Capítulo II, 44)

Precisamos interpretar essas palavras do santo Padre para sentir a força de Nossa Senhora. Da mesma forma, as mães de todos os tempos, de outrora e as de hoje, continuam tendo questionamentos e desafios, mas tiveram que responder com um “sim” firme e forte, como Maria, desde a concepção do seu filho, o seu nascimento, os cuidados e a educação humana, intelectual e espiritual.

Assim como a Virgem Maria, as mães tiveram a força interior para alimentar os seus filhos no próprio ventre durante a gestação e realizar o sonho de Deus. Elas não negaram a responsabilidade da vida a uma pequena criatura frágil e necessitada de amor e ternura.

Concluindo, podemos afirmar se as mães acolherem Maria como amiga e companheira de caminhada, o mundo será mais feliz e fraterno.

Como escreve Padre Luigi Faccenda: “Quem se consagra a Maria se preocupa e sente a necessidade de fazer com que outros participem da sua felicidade, de modo que, também eles, sejam atraídos por Maria. E Maria iluminará os seus corações; os aquecerá com o amor do seu coração materno; os inflamará com o fogo da caridade que arde no Coração Divino de Jesus”.

Por isso a nossa gratidão pelas mães que estão no céu e que ainda olham e oram por seus filhos. Também devemos agradecer ao bom Deus pelas mães aqui da Terra e pela graça de termos uma mãe que intercede sempre por nós. Que o coração terno de Maria acolha cada filho e filha e ensine a eles o caminho do Céu.


    A BELEZA DA MATERNIDADE

“O segundo olhar mais lindo deste mundo é o da mulher olhando o filho que nasceu” (Padre Zezinho). 










        Considero que a missão de ser mãe é o maior dom de Deus.  A ternura e o olhar da mãe revelam o quanto é belo o “sim” de uma mulher que experimenta o acolhimento de uma pequena criatura no seu ventre. Da mesma forma que a Virgem Maria deu a Deus o seu consentimento para ser a mãe de Jesus, as mães também consentem e se doam para acolher no coração uma criança e gerar uma vida de Deus.

O poema abaixo retrata a beleza e a benção de uma mãe apaixonada pelo filho que vai nascer.

        Olhares (Padre Zezinho)

O terceiro olhar mais lindo deste mundo

é o da mulher que espera o filho concebido

é quase tão bonito como os olhos de Deus

que não tem olhos, mas é lindo o seu olhar


O terceiro olhar mais lindo deste mundo

é o da mulher que espera a hora de gerar


O segundo olhar mais lindo deste mundo

é o da mulher olhando o seu recém-nascido

é quase tão bonito como os olhos de Deus

que não tem olhos, mas é lindo o seu olhar


O segundo olhar mais lindo deste mundo

é o da mulher olhando o filho que nasceu


O primeiro olhar mais lindo deste mundo

é o do bebê olhando a mãe apaixonada

é quase tão bonito como os olhos de Deus

que não tem olhos, mas é lindo o seu olhar


O primeiro olhar mais lindo deste mundo

é o do bebê olhando os olhos de sua mãe...

O olhar de Nossa Senhora e os das mães se completam e formam um único coração repleto do amor e da ternura de Deus.

    JANELA ABERTA PARA O CÉU

 

        

        Oração a Maria, Mãe da Igreja, Mãe da nossa fé *

Ajudai, ó Mãe, a nossa fé.

Abri o nosso ouvido à Palavra, para reconhecermos a voz de Deus e a sua chamada.

Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nossa terra e acolhendo a sua promessa.

Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé.

Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é chamada a amadurecer.

Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado.

Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho.

Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor.

*Oração a Maria, na conclusão da Encíclica Lumen fidei (29 de junho de 2013).


Everenice Schiavon Ara
Voluntária da Imaculada-PadreKolbe

Foto: Arquivo pessoal

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