O golfinho e o mergulador

Esse vídeo nos leva a uma reflexão. Nosso modelo civilizatório atual é explorador, concentrador. Exploramos os recursos naturais de uma forma que, se todas as pessoas no mundo tivessem os mesmos padrões de consumo do europeu ou do norte americano, o Planeta não suportaria. No entanto, Deus tudo criou (Gn 1-2) e colocou toda criação para que o homem a administrasse, pois fomos feitos a Sua imagem e semelhança (Gn 1,26ss). Ocupamos um lugar especial no Seu projeto já que, pelo seu amor, existimos mesmo antes de toda a criação (cf Ef 1,4). Nesse projeto, a comunhão com Deus, com toda a criação e com o cosmos é condição fundante.
Nossa história nos mostra que rompemos com esse projeto não só na Origem, mas até hoje, num movimento contínuo e infelizmente progressivo. De administradores passamos a proprietários. Tornamos tudo propriedade. Propriedade de poucos com os frutos para poucos. Usamos e usaremos tudo até a exaustão dos recursos. Rompemos com a comunhão e a harmonia. Somos nós, senhores de tudo. Somos nós, os criadores. Somos nós, deuses.
O golfinho, na sua irracionalidade, nos mostra outra postura. Ele compartilha com o mergulhador o mesmo território, pois sabe que este não é seu, ou só seu. Para ele o Outro não é presa nem predador. Para ele o outro é irmão, posto que ambos são criaturas com mesma origem. Isso lhe dá a condição para a aproximação.
A atitude do golfinho faz com que, pela reminiscência, o homem retome a idéia de que não somos seres concorrentes, mas sim estamos com correntes, elos ligados entre si e todos ligados ao Pai que ama tudo e a todos. Assim, durante os 3 minutos aproximadamente que dura a ação, em perfeita harmonia como em uma dança, a comunhão é refeita. Na ótica de cada um o Outro é o seu Próximo ea interação é a coisa mais natural.
Francisco, no século XII, foi quem melhor teve essa consciência. Exemplo a ser imitado não apenas no uso de seu nome ou de sua batina, mas na adoção de sua única regra: viver o Evangelho.
Henrique de Freitas
Voluntário da Imaculada-Padre Kolbe
Economista e teólogo
Comentários
Postar um comentário