80 anos do martírio de São Maximiliano Kolbe
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Fazer memória de algum
acontecimento é muito mais do que se lembrar de algum fato. É tornar presente
algo que é vivo e real apesar do tempo que passou.
Sem a memória não se
pode construir. Fazer memória é viver e renascer para a esperança de conservar
o que é bom e levá-lo adiante.
Ao instituir a
Eucaristia, Jesus repartiu entre os seus discípulos o Pão e o Vinho abençoados
e disse: “Fazei isto em memória de mim”
(Lc 22, 19). Desde então vivemos este momento sublime em cada missa,
partilhando, dessa forma, o Corpo e o Sangue do Senhor, nosso Deus.
Por meio da santa
Eucaristia revivemos na memória que Jesus está vivo e presente entre nós. Quando
recordamos este gesto de amor de Deus, mantemos viva a fé para que nada se
perca do que Ele fez.
Da mesma forma, fazemos
memória ao revermos fatos alegres, assim como os difíceis que aconteceram na
nossa vida. Vale a pena fazer memória de pessoas que marcaram a nossa
existência, de homens e mulheres que viveram a santidade e hoje são
reconhecidos como exemplos e nossos intercessores no céu.
Um
santo homem
Neste ano, em que se comemoram
os 80 anos do martírio de São Maximiliano Kolbe, vamos fazer memória dele.
Podemos nos lembrar de Maximiliano
a partir de várias formas: como santo, como mártir da caridade, como fundador da
Milícia da Imaculada, ou mesmo, como um sacerdote católico que passou pela
experiência de um campo de concentração.
Da mesma forma, podemos
conhecê-lo como prisioneiro de Auschwitz, homem que ajudou com a sua atenção e
carinho outros prisioneiros e que doou a sua vida por um pai de família. Também,
como o padroeiro das famílias e dos meios de comunicação.
Porém, mais do que
definir quem é São Maximiliano com palavras, vamos conhecer quem é esse santo
homem que nos deixou como herança um tesouro: um grande amor e respeito pela Virgem
Maria.
A
providência divina
Maximiliano Kolbe
nasceu na Polônia no dia 8 de janeiro de 1894, na cidade de Zdunska Wola. Os
pais dele se chamavam Júlio Kolbe e Maria Dabroswska, que o batizaram com o
nome de Raimundo Kolbe.
A família de Raimundo
era extremamente simples e pobre. Eles tinham que trabalhar muito para o
sustento de cada dia. Com bastante esforço e sacrifício dos pais, apenas o
irmão mais velho de Raimundo conseguiu ir para a escola.
A providência divina,
porém, agiu na vida dessa criança. Certo dia, Raimundo teve que ir à farmácia
para comprar um remédio para a sua mãe. Ao pronunciar o nome do remédio “vincio greca”, que é uma palavra escrita
em latim, o farmacêutico admirado pensou como que uma criança poderia pronunciar
corretamente palavras tão difíceis.
Ao continuar a conversa
com o farmacêutico, o pequeno Raimundo lhe falou a respeito da família e a
maneira que viviam naqueles tempos difíceis de guerra, assim como, do local em que
moravam.
Quanto à escola, o
menino contou que somente o seu irmão mais velho estudava. Completou dizendo
que os pais não tinham condições financeiras para mandar dois filhos para
escola e que, então, ele ajudava a mãe nos trabalhos e nos afazeres de casa.
O farmacêutico ficou muito
sensibilizado com a história de Raimundo. Percebendo que era uma criança inteligente
e que não podia estudar, fez um convite a Raimundo: o de ter aulas particulares.
O bom homem prometeu que no fim daquele mesmo ano alcançaria o seu irmão nos
estudos e que, juntos, poderiam prosseguir na série seguinte.
Uma
criança escolhida por Deus
O pequeno Raimundo era
esperto, alegre e gostava de brincar. Certo dia, Raimundo fez uma travessura. A
sua mãe ficou muito brava com o que ele havia feito, e desabafando, disse: “O que será de você, meu filho?”.
O menino ficou
assustado com as palavras da sua mãe e, chorando foi rezar diante de um pequeno
oratório de Nossa Senhora. Enquanto estava rezando, a Virgem Maria apareceu diante
de Raimundo e com ternura olhou para ele mostrando-lhe duas coroas de flores,
uma branca e a outra vermelha.
Olhando para a mãe de
Jesus, Raimundo perguntou qual o significado das duas coroas que ela lhe
oferecia. A Virgem Maria disse que a coroa branca era da pureza, e que a
vermelha, significava o martírio. Em seguida, a Virgem perguntou se ele as
queria. E, sorrindo, ele disse que queria as duas coroas.
Isto significava que a
sua vida seria marcada por estas coroas e que viveria a pureza e o martírio. Neste
instante, sem entender o que estava acontecendo, Raimundo foi convidado a olhar
e a confiar em Nossa Senhora, selando com Ela um compromisso de serena entrega.
Uma
nova aventura
Depois de um tempo, os freis
Menores Conventuais foram visitar a cidade onde morava a família Kolbe.
Os frades estavam à
procura de candidatos para estudar e se formar no Convento Franciscano. Foi,
então, que encontraram os irmãos, Raimundo e Francisco. Os freis perceberam que
eles eram muito bons para seguir a vocação religiosa e o sonho de São Francisco
de Assis.
Dessa forma, os pais de
Raimundo, Júlio e Maria, ficaram muito felizes pela oportunidade que Deus havia
colocado na vida dos seus filhos. Então, Raimundo e Francisco partiram para uma
nova aventura a que foram chamados, pois acreditavam que este seria um belo
caminho.
Raimundo
como estudante no Seminário
Raimundo, que estava
com treze anos, e o seu irmão, que era um ano mais velho, entraram no Seminário
dos Franciscanos para estudar. Raimundo era muito esforçado e seus colegas e
professores se maravilhavam com o seu entendimento, especialmente, em
matemática. Ele era generoso e estava sempre disponível para ajudar os colegas
nas dificuldades com as matérias mais difíceis.
Alguns de seus amigos
lembram que Raimundo falava com propriedade da política e sobre o destino da
Polônia. Também, que sempre rezava o terço e fazia adoração a Jesus
Eucarístico, afirmando que rezar e adorar a Deus dá forças para enfrentar
situações adversas.
Mesmo diante das
dificuldades, o jovem Raimundo nunca ficava deprimido ou se deixava abater, afirmando
com confiança: “Da próxima vez, tudo dará
certo”.
Período
de Noviciado
Para qualquer pessoa é
comum passar um tempo de indecisões e dúvidas, especialmente, pelo caminho que
deve seguir. Assim também aconteceu com Raimundo. Surgiram no seu coração o
sonho de se tornar um inventor ou um estrategista militar.
Foi então que Raimundo
pensou em deixar os Franciscanos e ir servir o seu país nas forças militares.
Ele até convenceu o seu irmão Francisco a fazer o mesmo.
No momento em que os irmãos
iam comunicar ao Provincial a decisão de se afastar dos Franciscanos, mais uma
vez, a providência divina se manifestou na vida de Raimundo. Ele e o seu irmão
receberam a visita de sua mãe: Maria Dabrowska. Não se sabe o que ocorreu
naquele encontro, mas os irmãos voltaram atrás na decisão de seguir outro
caminho.
Seguindo a sua vocação,
Raimundo entrou para o noviciado e recebeu o nome de Maximiliano. Alguns anos
mais tarde ele escreveu: “Como posso
esquecer o momento em que Francisco e eu esperávamos ser recebidos pelo Padre
Provincial para comunicar-lhe que não queríamos entrar na Ordem e ouvimos a
campainha tocar na recepção. Naquele momento embaraçoso, o Deus da providência,
em sua infinita misericórdia e pela intercessão de Maria Imaculada, enviou-me a
minha mãe”.
Ordem
dos Franciscanos Conventuais
Alguns meses antes de
completar dezoito anos, Maximiliano fez os votos temporários na Ordem Franciscana.
Após um ano, Maximiliano Kolbe foi convidado para estudar na Pontifícia
Universidade Gregoriana, em Roma.
Na universidade, ele
era admirado pelos professores por sua inteligência e por seu jeito de jovem
bem-dotado e com um talento natural. Da mesma forma, para os seus amigos, ele
era sempre cheio de entusiasmo.
Neste tempo, Maximiliano
concentrou os seus estudos em ciências e matemática, e também, dedicou-se a
dois doutorados.
Um
homem santo
Maximiliano Kolbe tinha
boa aparência, era magro e de estatura média. O seu rosto transparecia sempre um
brilho inexplicável. Para muitos era considerado um homem santo, pois, o amor
fraterno de suas atitudes era o mesmo do Evangelho de Cristo.
Maximiliano tinha um grande
amor pela Eucaristia e por Maria. Durante o dia ele visitava muitas vezes Jesus
Eucarístico e rezava o Santo Terço.
A devoção de
Maximiliano a Nossa Senhora era simples e sincera. Ele costumava chamar Maria
de “Mamma mia”, que dizer minha
mãezinha, e costumava entregar todas as suas ações e sacrifícios à Maria,
desejando ser apenas um instrumento em suas mãos.
Fundação
da Milícia da Imaculada
Maximiliano desejou
trabalhar para Deus e quis que Nossa Senhora dirigisse esse projeto de vida. Mesmo
com dificuldades na sua saúde, que era frágil, ele sonhava em conquistar o
mundo todo a Cristo pela intercessão de Nossa Senhora. Para realizar este sonho
audacioso, convidou alguns frades que conhecia para fundar um movimento mariano
de pessoas que desejavam seguir a Cristo.
Então, ao anoitecer do
dia 16 de outubro de 1917, estes frades ouviram de Maximiliano o programa da
fundação da Milícia da Imaculada.
Maximiliano era um
homem que não dava atenção a aparências e, apesar da Milícia da Imaculada ser
um projeto grandioso, o seu programa de fundação estava esboçado em um simples pedacinho
de papel.
Apesar da simplicidade
de Maximiliano, ele confiava no seu projeto, afirmando: “(…) Vale a pena entregar a vida por um Ideal,
pela Imaculada”.
Embora Maximiliano tivesse
a certeza de que a missão de evangelizar e salvar almas eram importantes e
necessárias, a fundação da Milícia da Imaculada teve um início marcado por muitas
dificuldades. Além da doença que o impedia de trabalhar com todas as suas
forças, naquele tempo uma epidemia de gripe contagiava gravemente as pessoas,
que levou à morte dois dos sete membros do primeiro grupo de fundadores da Milícia
da Imaculada.
Mesmo diante das
adversidades, São Maximiliano sentiu muito forte o chamado a esta missão
especial. Para ele a sua vida era um dom de Deus e nada o impedia de
prosseguir.
Então, sustentado por
uma serena e contínua entrega à Virgem Imaculada e pela disponibilidade à ação
do Espírito Santo, que o preparou para o caminho do Amor e da Cruz, Maximiliano
Kolbe foi ordenado sacerdote em 28 de abril de 1918. Desde então, ele passou a
ser chamado de Padre Maximiliano, continuando, dessa forma, o seu caminho de fé
que nasceu de um chamado de Deus.
Cidade
da Imaculada
No ano de 1927, Frei
Kolbe fundou a Cidade da Imaculada em Niepokalanów. O terreno foi doado por um
príncipe a Maximiliano para iniciar a construção da Milícia da Imaculada e também
ajudar na evangelização.
Padre Maximiliano,
agradecido a Deus pelo presente, colocou no local uma imagem de Nossa Senhora
das Graças como forma de pertença e de gratidão pela sua generosa intercessão e
benção.
Hoje, podemos ir à
Cidade da Imaculada e agradecer a Padre Kolbe a relíquia que ganhamos dele.
Neste local podemos conhecer a antiga sacristia, o quarto de São Maximiliano
com objetos, escritos e fotos de seu sacerdócio e de seu caminho missionário em
Roma, no Japão e na Polônia. Além disso, podem-se ver jornais, revistas e a
rádio. Também o local tem um corpo de bombeiros e uma linda basílica.
Vida
missionária
São Maximiliano Kolbe,
um padre comprometido com Deus e com Nossa Senhora, fez da sua vida missionária
uma entrega total ao ideal de que todas as pessoas do mundo conhecessem a boa
nova de viver para Maria e com Maria.
Maximiliano atraía sempre
mais vocações com o seu jeito de ser e de falar. Nessa época, ele começou a
recrutar membros para a Milícia da Imaculada, convidando os freis da sua Ordem,
e também, leigos.
Mesmo diante da
situação de uma Polônia devastada pela guerra e de um povo que estava à procura
de caminhos novos, Padre Kolbe, repleto de amor pela Imaculada quis contagiar a
todos através da evangelização por todos os meios lícitos e comprometidos com a
verdade.
E, a Milícia da Imaculada, que tinha uma causa
justa e um inspirador ideal, tornou-se esperança e um bem para os seus membros
e a toda aquela realidade de medo, dor e insegurança causada pelas guerras.
Dessa forma, o sonho
desse homem santo de tornar Cristo amado e conhecido por meio da Imaculada
começa a se concretizar.
Campo
de Concentração de Auschwitz
Os gestos de amor, os
sonhos e o grande ideal que São Maximiliano carregava no coração não podiam
morrer, pois resultavam de um caminho de fé na Imaculada.
A entrega da vida de Padre
Kolbe foi um esforço diário que o levou a amar até as últimas consequências. Após
ser preso devido à perseguição da guerra, em maio de 1941, tinha a certeza que
nunca mais voltaria e veria Niepokalanów.
Um Frei testemunha que
Padre Maximiliano, quando era levado para a prisão, embora tivesse o rosto
sereno, o seu olhar era triste e repleto de amor pela Cidade da Imaculada e por
todos os que viviam lá.
No campo de
concentração, Maximiliano encontrou uma oportunidade de evangelizar, apesar dos
maus tratos, xingamentos e perseguições que sofreu. Ele conseguiu transformar
todas as coisas que via e sentia em pequenos gestos de amor.
Auschwitz era um centro
de extermínio e todos os prisioneiros usavam calças e camisas de brim com
listras horizontais. Os cabelos eram raspados e cada prisioneiro recebia um
número de identificação. A partir daquele momento não eram mais chamados pelo
nome e sim pelo número. Então, Padre Kolbe passou a ser o número 16670.
Depois de um caminho de
sofrimento e doação, Maximiliano Kolbe foi colocado no bunker da fome. Ele entrou neste local frio e escuro, junto com
outros prisioneiros que estavam sofrendo por fome e medo.
Mártir
de Auschwitz
A experiência de vida
de São Maximiliano, frade franciscano polonês, o fez mártir quando num gesto de
humildade e amor, ofereceu a sua vida em troca de um pai de família que estava condenado
a morrer no campo de concentração.
Naquele lugar triste e
sem esperança, surge São Maximiliano como uma luz. Esse santo homem fez com que
muitos corações se tornassem serenos apesar da tortura e da dor. Ele mostrou em
Auschwitz que o amor de Deus e a ternura de Nossa Senhora superam a morte
física e torna os homens verdadeiramente livres.
São Maximiliano disse:
“Ama, isso é tudo”. Ele viveu toda a
sua vida com um coração que ama e ensinou que se doando dia após dia, é
possível realizar grandes gestos de caridade.
Mártir
da Caridade
Padre Kolbe foi morto
na vigília da Assunção de Maria, em 14 de Agosto de 1941. Muitos acreditam que
Nossa Senhora providenciou que a morte do mártir da caridade fosse próxima dessa
festa.
A força e a coragem do ato
de supremo heroísmo de Maximiliano fez com que o subcomandante do pelotão de
fuzilamento voltasse atrás na escolha do prisioneiro condenado a morrer, talvez
devido a uma admiração por Maximiliano.
Não houve em Auschwitz,
nem mesmo em outros campos de concentração, nenhum fato semelhante ao ocorrido.
Maximiliano Kolbe foi o único capaz de realizar este ato heroico.
Beatificação
e Canonização
Em 17 de outubro de
1971, Padre Maximiliano é beatificado pelo Papa Paulo VI, na Basílica de São
Pedro, em Roma. E, em 10 de outubro de 1982, Frei Maximiliano foi formalmente
proclamado São Maximiliano Kolbe, o santo franciscano que queria transmitir o
amor de Deus ao mundo por meio da Imaculada e mártir da caridade.
Memória
e esperança
A consagração à
Imaculada, para Maximiliano Kolbe, consiste em um ato de pertencer totalmente a
ela. Por isso, dizia ele, “se nós somos
da Imaculada, então tudo aquilo que é nosso pertence a Ela e Jesus aceita tudo
aquilo que vem de nós como se viesse dela, como pertencente a Ela”.
A confiança na
Imaculada que São Maximiliano Kolbe nos testemunha faz com que o nosso coração seja
generoso como ele mesmo foi. Também, que a Consagração a Nossa Senhora seja um
ato de fé que nos faz pertencer a Ela de forma total e sem limites.
Além disso, que São
Maximiliano se torne conhecido e venerado por muitos, e que nestes 80 anos do
seu martírio, ele possa nos ajudar a sermos mais sensíveis diante de tanta dor
e sofrimento que ainda hoje estão na vida de tantos irmãos.
A sua memória se faz
presente hoje. Cada momento da vida de São Maximiliano, como resposta ao
convite de Nossa Senhora pelas coroas da pureza e do martírio, nos faz lembrar
de que temos que ter esperança no coração, fazendo memória ao que ele nos
disse: “Meu olhar está continuamente
atraído por novos horizontes”.
No coração de São
Maximiliano permaneceu viva a sua experiência mística com Nossa Senhora. E, até
hoje, recordamos o gesto da mãe de Deus de apresentar a ele as duas coroas. Da
mesma forma que a Maximiliano Kolbe, como consagrados à Imaculada, também a nós
é apresentada as coroas da pureza e do sofrimento pelo amor que gera vida.
São Maximiliano Kolbe,
rogai por nós!
Linda história de vida! SMK, rogai por nós! Amém
ResponderExcluirQue bom que gostou; é um grande exemplo de vida para nós!
ResponderExcluirLinda a História de São Maximiliano Maria Kolbe.
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