Um desejo de... silêncio!
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“Sai e fica na montanha diante do Senhor. E eis que o Senhor passou. Um grande e impetuoso furacão fendia as montanhas e quebrava os rochedos diante do Senhor, mas o Senhor não estava do furacão; depois do furacão houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto; e depois do terremoto um fogo, mas o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo o murmúrio de uma brisa suave. Quando Elias o ouviu, cobriu o rosto com o manto...” (I Rs 19,11-13).
Os fenômenos naturais, barulhentos, presentes no Sinai no momento das dez palavras, aparecem também aqui, mas o texto evidencia que “o Senhor não está ali”. Somente quando se escuta uma voz de silêncio sutil, Elias reconhece a presença do Senhor. O silêncio revela Deus na pequenez. Um Deus misterioso, nunca igual a si mesmo. Os sinais da presença de Deus não são mais assustadores. O profeta deve ser capaz de reconhecer a passagem do Senhor na escuta da voz do silêncio. Aprender a reconhecer Deus lá onde parece ausente. Não é necessário passar sempre do fogo ao vento, do vento à tempestade, também a banalidade quotidiana da vida é lugar privilegiado da presença de Deus. Escutar o que o silêncio diz.
Voz de silêncio sutil é a voz de Padre Kolbe que frequentemente convida a manter a paz interior, independentemente dos acontecimentos da vida, porque “no meio das tempestades, seja interiores que exteriores, é necessário muita, muitíssima tranquilidade” (SK 943). “Durante o Capítulo Provincial de 1936, o Padre Boaventura se pronunciou asperamente e de modo agressivo contra as práticas da vida conventual em Niepokalanów. Ameaçava-se uma áspera discussão entre os defensores e os adversários. O fermento era grande. Padre Maximiliano manteve um equilíbrio e uma calma verdadeiramente heróica, apesar de tais questões dizerem respeito a ele pessoalmente. Ele não elevou a voz em sua defesa e somente repetia: “Será como a Imaculada quiser” (Padre CornelioCzupryk) . “Era cheio de cordialidade para com aqueles Confrades que lhe causavam desgostos, às vezes mesmo involuntários. Falando-me das dificuldades tidas com o Padre Constâncio em Nagasaki, disse-me: “Rezo para que a Imaculada direcione tudo para o bem” (Frei Ferdinando Maria Kasz). Padre Kolbe repetia frequentemente uma máxima de São João da Cruz: “Procure fazer com que nada possa te dar aborrecimentos e tu, não deixar-te aborrecer por nada. Deixa para lá e recolhe-te na intimidade com o teu Deus”. Às vezes – contam as testemunhas – Padre Kolbe, em seus encontros pessoais com os frades, dá apenas o seu serviço de escuta. Com o seu silêncio os obriga, quase, a descer a um nível mais profundo e os reconduz a relativizar as suas ações para dedicar-se ao verdadeiro caminho – específico de cada crente, de cada consagrado – o caminho do amor. Dirige a eles um convite:
“Coloquemos na Imaculada a nossa confiança, rezemos e vamos em frente na vida com tranquilidade e serenidade” (SK 935). A atividade externa é boa, mas obviamente, é de importância secundária e ainda menos em confronto com a vida interior, com a vida de recolhimento, de oração, com a vida do nosso amor pessoal para com Deus” (SK 903).

Recomenda frequentemente o silêncio (cf. SK 515) e se lamenta quando ele mesmo não consegue vivê-lo plenamente (cf. SK 920).Em silêncio e com paciência acolhe as críticas, acusações, traições.
Tudo natural para ele? Nada disso! “Era quente por natureza e calmo por virtude” para escutar uma voz de silêncio sutil e ver a presença de Deus que se esconde nas dobras tortas e retorcidas da vida.
Nas “Babéis” do nosso tempo transtornado ninguém escuta mais ninguém. “Ninguém tem tempo de escutar-vos, nem mesmo aqueles que vos amam e estariam prontos para morrer por vós” afirma com frieza uma personagem de um famoso romance: “o meu coração escuta” de Taylor Caldwell. Padre Kolbe doa tempo, todo o tempo que é necessário para escutar cada um de seus irmãos e se alegra quando vislumbra no rosto da pessoa a quem se aproxima, com a escuta e a acolhida, um vislumbre de serenidade para encaminharem-se juntos na estrada da confiança e da ternura.
Bom ano com Maria, a Virgem da escuta e do silêncio.
Angela Esposito
Missionária da Imaculada-Padre Kolbe
Polônia
Todo o dia 14, as Missionárias da Polônia estarão depositando na cela de Padre Kolbe as intenções enviadas para o e-mail: celakolbe@kolbemission.org
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