Por que quero ser santo?

                             Servo de Deus Guido Schäffer                              

Deus, por sua infinita bondade e pelas razões que só Ele sabe quais são, quis precisar dos santos para ajudar as almas em seus caminhos rumo ao Céu, santos esses de hábitos, vestidos ou de calças jeans. Em nossa Igreja, Santa e Católica, a santidade não é um privilégio para alguns poucos, mas sim um chamado universal para todos os batizados. É o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo que nos convida a sermos santos: “Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). A santidade é acessível a todos, independentemente da idade, profissão, estado de vida ou condição social. Deus nos chama à santidade de acordo com a nossa vocação, realidade e circunstâncias da nossa vida. “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação.” (I Tessalonicenses 4,3)

Segundo o Papa Francisco, todos os batizados podem ser santos no lugar onde vivem. Ele diz ainda que, antes de tudo, devemos ter clareza de que a santidade não é algo a que nos propomos sozinhos, que podemos obter simplesmente com as nossas qualidades e capacidades. A santidade é um dom, é a dádiva que o Senhor Jesus nos oferece quando nos toma consigo e nos reveste de Si mesmo, tornando-nos como Ele é. Na Carta aos Efésios, o apóstolo São Paulo afirma que “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para a santificar” (Ef 5, 25-26). 

É importante compreendermos que viver a santidade não significa apenas evitar pecados ou seguir regras. É algo muito mais profundo: é a plenitude da vida cristã, a união perfeita com Deus. É viver em constante crescimento na fé, buscando sempre fazer a vontade de Deus em todas as coisas, aproveitando cada oportunidade, cada segundo da vida para amá-Lo, servi-Lo através do serviço aos irmãos, da aceitação e do oferecimento dos nossos sofrimentos e dificuldades, sejam eles pequenos ou grandes, como um sacrifício de santificação.

Uma maneira de alimentar em nós o desejo pela santidade é estudarmos a vida dos santos. Como aprendemos ao fazermos isso! Fico pensando em quantas coisas grandiosas fizeram em suas vidas, que não constam em seus registros e que nem imaginamos. São Maximiliano Maria Kolbe, por exemplo, para chegar ao ponto de doar a própria vida em um campo de concentração, deve ter realizado coisas maravilhosas dentro da sua realidade do momento. Salvou a vida de um pai de família; mas, para além disso, a quantas almas deve ter ajudado a encontrar a salvação! Os testemunhos dos santos são modelos de vida cristã para nós, nos inspiram a buscar a santidade em nosso próprio dia a dia. Eis um grande ideal, um grande propósito (palavra tão em alta ultimamente) a ser buscada com todo fervor e disposição!

Um dia, Deus colocou em minha vida uma pessoa que já buscava a santidade, e que foi o instrumento para minha conversão. Hoje, sinto que PRECISO ser essa pessoa, que dentro das minhas limitações e na minha realidade, busque a santidade e ajude a outros a encontrar esse caminho do Céu, que dispensa explicações para quem já o encontrou, caminho esse que nos conduz à liberdade e felicidade verdadeiras.

Muitas vezes, pelas nossas fraquezas e limitações, cairemos e teremos pequenos ou grandes desvios desse caminho, mas se estivermos de mãos dadas com Nossa Senhora, certamente, ela nos puxará pela mão e nos colocará novamente no caminho certo a seguirmos. Viver a consagração à Maria de forma plena nos leva ao caminho da santidade. Padre Luigi Faccenda, dizia que “o sim que respondemos a Deus é o eco do sim de Maria que ressoa em nosso coração”. Certa vez, ouvi da querida Edvanda (in memorian), Missionária da Imaculada-Padre Kolbe, que todas as manhãs, assim que colocava os pés no chão, a primeira coisa que fazia era rezar a oração de consagração à Nossa Senhora. E assim comecei a fazê-la também. 

Precisamos buscar ser, verdadeiramente, pessoas que buscam a santidade, para que Deus possa chegar à vida daqueles que tanto necessitam Dele. Ele quis precisar de nós! E só o conseguiremos através da vivência dos sacramentos, oração, crescimento na vivência das virtudes, serviço aos irmãos e oferta da própria vida, de acordo com a realidade de cada um. Quantas pessoas passam por nós todos os dias? Podemos deixar um pouco de Deus para cada uma delas, seja com um “tudo bem?” preocupado e olhando nos olhos, um sorriso, uma longa conversa ou uma Ave Maria para aquela que passou em nossa mente e em nosso coração.

Ao final de cada dia, um breve exame de consciência pode nos ajudar a sermos pessoas melhores, mais santas. Que bem fiz hoje? Que mal fiz hoje? Que posso melhorar amanhã? Nossa vida aqui na Terra é muito breve, precisamos aproveitar cada segundo para buscarmos a nossa santificação e ajudarmos nossos irmãos a fazerem o mesmo. O Espírito Santo nos ajuda a compreender o que diz São Maximiliano Maria Kolbe: “A santidade não é um luxo de poucos; é um simples dever de todos”. E completa: “A verdadeira santidade não consiste em fazer coisas extraordinárias, mas em fazer as coisas ordinárias com extraordinário amor.” 

“A vida é breve; após a morte não há méritos. Agora é o tempo de tornar-se santo.” (Padre Kolbe)

Jaqueline Cuel
Voluntária da Imaculada-Padre Kolbe

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